2010/03/21

Staff Benda Bilili (Congo) / Speculum (Espanha)

“A kora e o balafon da Guiné Bissau, do Mali e da Guiné Conákri tecem melodias sobre o baixo, o trombone e a guitarra de músicos da Suíça e dos EUA. Extraordinários encontros entre compositores ocidentais e africanos abrem hoje as portas do Templo das Heresias”.
(1) Taffetas (2) Saudade do meu Amor (8:47) “Taffetas”
(2) Roswell Rudd & Toumani Diabate (1) Bamako (4:50) “Malicool”
(3) Djeli Moussa Diawara & Bob Brozman (3) Almany (5:42) “Ocean Blues”

(Separador)

Staff Benda Bilili é um grupo de músicos de rua, proveniente de Kinshasa (Congo), que se afirmou como uma das grandes revelações de 2009, tendo ganho o prémio de melhor intérprete do ano, no Womex (World Music Expo).
O núcleo dos Staff Benda Bilili é composto por quatro cantores / guitarristas, todos eles deficientes físicos, que sofreram de poliomielite quando eram jovens, e se movimentam em cadeiras de rodas ou triciclos espectacularmente personalizados. São apoiados por uma secção de ritmo, composta por crianças e adolescentes de rua abandonados e que foram tomados sob a protecção dos membros mais velhos da banda. O solista é um jovem de 18 anos de idade que toca solos surpreendentes, numa espécie de alaúde de uma corda que ele próprio projectou e construiu a partir de uma lata. Paraplégicos, incapazes de trabalhar, pobres e forçados a viver na rua da República Democrática do Congo, recebendo um diminuto apoio do estado, os jovens tornaram-se músicos de rua, até que foram descobertos por um par de cineastas franceses e lançam “Très Très Fort”, o primeiro álbum.
Produzido por Vincent Kenis, o responsável pelo som electro-artesanal dos Kasaï Allstars e dos Konono nº1, e editado pela etiqueta belga Crammed Discs (distribuição Megamúsica), “Très Très Fort”, apresenta letras poderosas, que chamam a atenção para uma série de importantes questões sociais, nomeadamente a pobreza, a deficiente saúde pública e a violência em África. A música, criada a partir de instrumentos acústicos inventados, é uma mistura de sonoridades tradicionais e modernas, com pitadas de jazz cubano, afro-pop, soul, rumba, rhythm'n'blues e reggae.
Imagine-se todos os músicos do grupo sentados em círculo, a tocar e a cantar (em várias línguas) construindo harmonias vocais (uma das suas imagens de marca), alimentando-se uns aos outros, interagindo com os espectadores, com performances todas diferentes. Com efeito, a maior parte de “Très Très Fort” foi gravado ao ar livre, nos enclaves desabrigados próximos do jardim zoológico em Kinshasa, onde os membros da Staff Benda Bilili chamam de casa há bastante tempo.
A música de Très Très Fort é poderosa, familiar e agradável e transpira uma emoção desconcertante e surpreendente. Um dos álbuns do ano.
Mais informações em: http://www.myspace.com/staffbendabilili

(02) Polio (3:08)
(04) Sala Keba (4:25)
(09) Marguerite (6:45)
(01) Moto Moindo (5:47)

(Separador)

“Um tema popular egípcio sobre a decepção provocada pelo amor não correspondido, um canto religioso da Tunísia de louvor a Deus, uma canção evocativa da abertura das portas do Grande bazar de Istanbul e uma típica peça folk dos portos de Creta, sobre a desilusão amorosa. São as sonoridades que encerram a 1ª parte do Templo das Heresias.”
(1) Hanan (4) Matajarahnish (4:12) “Sif Safaa: New Music from the Middle East”
(2) Jerrari (1) Sidi Mansour (5:50) “Tunisie: Chants & Rythmes”
(3) Istanbul Oriental Ensemble (1) Elden Ele (4:51) “Grand Bazaar”
(4) Ross Daly & Labyrinth (6) Afou ‘Heis Allon Sti Kardia (5:27) “Mitos”


2ª Hora

“Uma balada de um compositor e poeta da França dos finais do século XIII; um romance dos judeus sefarditas; uma cantiga de Santa Maria, de Afonso X, rei de Castela; e duas danças italianas dos séculos XIII e XIV. São os sons que abrem as portas da 2.ª hora do Templo das Heresias.”
(1) Ensemble Syntagma (Rússia/França) – Abundance de felonie (3:55) “Jehan de Lescurel, Ex Tempore. Vocal-Instrumental Poem”
(2) Ensemble Accentus (Áustria) (4) Partos trocados (5:54) “Sephardic Romances”
(3) Dekameron (Polónia) (1) Como Jesu Christo fezo a San Pedro (3:47) “Ave Mater, O Maria!”
(4) Musica Historica (Hungria) (19) Saltarello II (1:46) “Amor ey”
(5) Ioculatores (Alemanha) (11) Trotto (2:16) “Songs and Dances of the 13th to 15th Centuries”

(Separador)

Dirigido por Ernesto Schmied, um especialista em flautas históricas, o grupo espanhol Speculum tem-se dedicado, desde 1996, ano da sua formação, à recuperação da música da Idade Média em diante. Centrando-se, preferencialmente, na Ars Hispanica, os Speculum têm contribuído decisivamente para o conhecimento de um património tão raramente explorado, mas de primordial importância no panorama da música antiga.
Debruçando-se sobre diversos manuscritos europeus, os Speculum encetam um minucioso trabalho de pesquisa e utilizam vozes e instrumentos perfeitos para traçar as linhas da arquitectura musical medieval, renascentista e barroca.
Segundo os próprios Speculum, o significado da criação musical para o grupo está perfeitamente expresso nas palavras do famoso escritor e humanista britânico do século XV, Thomas More, num fragmento da Utopia: "...toda a sua música, a que criam com instrumentos e a que cantam com a voz humana, expressa as paixões e os afectos naturais; o timbre e a melodia elaboram-se à medida da obra, seja de uma oração ou uma canção alegre, sossegada, agitada, de lamentação ou de ira; representam o significado de cada estado de espírito e, maravilhosamente, logram comover, provocar, penetrar e inflamar as almas dos que a escutam."
O impacto da música dos Speculum tem sido tão frutífero e determinante que, desde a sua fundação, têm sido, por variadíssimas ocasiões, convidados para diversos eventos europeus, sobretudo na Península Ibérica, onde têm actuado em praticamente todos os festivais importantes.
Conjugando a música e a poesia da Idade Média espanhola em espectáculos de grande rigor e dramatismo e elaborando programas temáticos apelativos, os Speculum lograram, de uma forma subtil, aproximar o público dos cada vez mais apreciados meandros da música antiga.
Até à data, os especialistas da Ars Nova espanhola editaram sete registos fundamentais: “Fumeux fume par fumee” (1998), premiado com o prestigioso Choc de Le Monde de la Musique, em Janeiro de 2000; “Il Grant Desio e la Dolce Esperanza” (2006), o primeiro disco dedicado integralmente ao Cancioneiro do Escorial, co-produzido pela Comunidad de Madrid e pela etiqueta Openmusic para a colecção Madrid en su Música; “Cancionero de El Escorial” (2007) uma colaboração dos Speculum com o fantástico contratenor Carlos Mena, galardoado com 5 DIAPASONS (revista Diapason) e 4 estrelas no Le Monde de la Musique; “Ars Mediterranea” (2008), um variado repertório musical das diferentes expressões do Mediterrâneo; “O Rosa Bella, Cancionero de El Escorial, Vol. III” (2008); Live (2009); e “Splendor” (2009), o volume IV dedicado ao impressionante cancioneiro que se alberga na Biblioteca do Mosteiro de San Lorenzo de El Escorial.
Mais informações em: http://www.openmusic.es/autores/mostrar/18-speculum

(01) O Virgo Splendens (2:29) “Fumeux fume par fumee”
(16) Imperayritz de la ciudad ioyosa (4:05) “Il Grant Desio e la Dolce Esperanza”
(13) Amours me fait commencier (4:53) “Ars Mediterranea”
(05) Ne vous plaindes de mes yeulx (5:13) “Cancionero de El Escorial”
(17) Mercé te chiamo, o dolze anima mia (4:35) “O Rosa Bella”
(15) De tous bien playne (4:49) “Splendor”

(Separador)

““Uma outra balada do compositor e poeta francês Jehan de Lescurel, dos finais do século XIII/inícios do XIV; uma cantiga de amor do século XII do trovador catalão Berenguer de Palou; e mais uma cantiga do século XIII, de louvor à Virgem Maria. Assim se encerra o Templo das Heresias de hoje”.
(1) Amadis (França) (3) Amours, trop vous dói cherir (4:08) “Anges ou démons”
(2) Ensemble Cantilena Antiqua (Itália) (2) Ai tal domna (5:09) “Ondas do Mar”
(3) The Renaissance Players Winsome Evans (Austrália) (14) Virgen Madre Groriosa (10:08) “Of Numbers and Miracles”