2010/12/24

Anghjula Potentini (Córsega) / Ensemble Kantika (Alemanha/França/…)

“Uma composição baseada numa canção de amor greco-tunisina, uma prece arabo-andalusa habitualmente entoada de madrugada, um texto sagrado hebraico, um takhsefto (canto sagrado de Tagore) e um tema tradicional iraniano. São os sons que abrem hoje as portas do Templo das Heresias”.

(1) Savina Yannatou e Primavera en Salonico (Grécia) (19) Rabbi Blonni Bemlayan (3:35) “Songs of the Mediterranean”
(2) Amina Alaoui (Marrocos) (10) Batahouvat el Qama Bachahar (3:17) “Alcantara”
(3) Ruth Wieder Magan (Israel) (1) Roza Deshabbos (4:59) “Songs of the Invisible God”
(4) Evelyne Daoud (Palestina) (13) Akh tagore h’achire (4:44) “Chants sacrés”
(5) Nomad (França) (6) Manasiko (4:22) “Ciguri”

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Depois de um período de esquecimento e relativa decadência, o canto corso da tradição oral revigorou-se para atingir, no presente, uma indubitável expressividade e significado culturais. O dinâmico movimento de revivificação conseguiu levar de novo para as igrejas corsas as magníficas polifonias religiosas e, nos bistrots e alpendres, passou de novo a ouvir-se a paghjelle, a resposta profana às polifonias litúrgicas. A essa efervescência não serão certamente alheios os esforços, por exemplo, do malogrado Hector Zazou com Les Nouvelles Polyphonies Corses ou de Cinqui So, David Rueff, Donnisulana, Tavagna e Barbara Fortuna, entre outros.
Do novo fôlego do canto corso faz indubitavelmente parte a extraordinária voz de Anghjula Potentini, através dos discos “A lettera d’amore” e “Fiara”, editados pela Buda Musique.
Acompanhada por músicos talentosos, Anghjula Potentini interpreta o repertório popular corso com respeito, talento e criatividade. As letras das canções, como em todos os cantos populares corsos, são simples. Falam das esperanças, dos amores, das flores e dos corpos. E têm esse significado apenas: esperanças, vidas, ventos, dias... E o canto de Anghjula é a representação mais rude e bela que se pode fazer da voz dos anjos. A terra inóspita e os que vivem em comunhão de vidas com os elementos, conseguiram gerar essa voz que atravessa a alma, que envolve para além da mera sensação de felicidade imediata. É uma voz intemporal que tanto cria torrentes de evocação como o mais completo desejo de alegria tranquila.
Existe em Anghjula Potentini uma postura elevada de mostrar que a música popular é algo que continua a revelar tesouros escondidos.
Mais informações em: http://www.myspace.com/anghjulapotentini


(02) Amore speratu (4:26) “Fiara”
(04) Di veru è di Passione (4:56) “Fiara”
(13) Dio vi salvi Regina (2:50) “A lettera d’amore”
(10) O Dumè (2:54) “A lettera d’amore”
(04) Francesca Maria (4:26) “A lettera d’amore”
(06) Minicola (3:14) “A lettera d’amore”

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“Um tema basco sobre o exílio, uma canção tradicional da etnia Saami da Lapónia e um canto dos índios Seri de Sonora (México) que acompanha o nascimento encerram a primeira parte do Templo das Heresias”.

(1) Pedro Soler & Benãt Achiary (País Basco/França) (7) Chant d’exil (4:59) “Prés du coeur sauvage…”
(2) Wimme (Finlândia) (6) Boaimmas (5:35) “Wimme”
(3) Yaki Kandru (Colômbia) (3) Canto de los Seri (7:00) “Music from the Tropical rainforest & other Magic Places”

2ª Hora

“Curiosas interpretações da música do Antigo Egipto dão início à segunda hora do Templo das Heresias”.

(1) Ensemble De Organographia (EUA) (25) Harp piece II (2:02) “Music of the Ancient Sumerians, Egyptians & Greeks”
(2) Ali Jihad Racy (Líbano) (2) The Land of Blessed (6:56) “Ancient Egypt”
(3) Michael Atherton (Austrália) (17) Shen (song) (5:02) “Ankh: The Sound of Ancient Egypt”
(4) Rafael Pérez Arroyo (Espanha) (3) Iba Dance (6:59) “Ancient Egypt: Music in the age of the Pyramids”

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Kantika é um ensemble de música antiga, fundado em 1998 em Paris, que se especializou no repertório pré-renascentista, desde o canto gregoriano do século XI às cantigas das cortes régias e senhoriais da Baixa Idade Média. Incidindo, sobretudo, sobre o canto sacro, o ensemble faz, no entanto, incursões regulares em áreas como o madrigal, o conto, a polifonia contemporânea ou as cantigas dos trovadores.
Liderado pela musicóloga e cantora Kristin Hoefener, este grupo vocal, geralmente composto por cinco vocalistas femininas, privilegia, no seu trabalho, o património musical medieval europeu, o culto dos santos locais e das liturgias esquecidas e a interpretação o mais próxima possível das acústicas originais. As Kantika incluem, também, uma componente de transmissão que engloba actividades como a formação contínua, oficinas com coros e grupos vocais, ateliers de design e de projectos artísticos e estágios de canto gregoriano e de músicas medievais.
Nos concertos, o Ensemble Kantika convida a audiência para uma viagem ao passado, ao universo misterioso de um mosteiro medieval, à imponência de uma catedral ou à riqueza de uma corte senhorial. No final, as intérpretes comunicam e interagem com académicos e artistas e respondem às perguntas dos interessados.
Através da vigorosa interpretação das suas cantoras, cada uma com a sua própria personalidade e potencial artístico, as KANTIKA têm contribuído, ao longo dos anos, para a revitalização da música medieval. O seu estilo musical único combina a alma de cânticos antigos com um som contemporâneo refinado, apresentado em quatro registos de arquitectura excepcional: “A summo cello” (2005), com cantos e polifonias gregorianas dos séculos XI-XII, da Aquitânia; “Lux” (2006), com cantos de manuscritos dos séculos XI-XIV, da Catedral de Apt; "O Maria Virgo” (2007), uma reconstrução de uma missa cantada na abadia cisterciense feminina de Santa Maria de Las Huelgas, em 1300; e “Estel de mar” (2009), um programa com as canções dos peregrinos medievais de veneração à Virgem Maria (século XIV).
É este último, “Estel de mar”, que contém os maravilhosos cantos do Llibre Vermell de Montserrat da Catalunha, que aqui divulgamos hoje. As Kantika editaram este registo para a Christophorus, utilizando apenas gravador, violino, rabeca e pandeiro, evitando, assim, qualquer exagero. Cantoras de diferentes origens europeias, cada uma emprestando um colorido vocal diferente, fazem de “Estel de mar”, uma gravação animada, surpreendente e cheia de contrastes.
Mais informações: http://www.kantika.com/en/news/


(02) Stella splendens (6:45)
(06) Los set gotxs recomptarem (6:32)
(11) Inperayritz de la ciutat joyosa (8:06)

(Separador)

“Um tema arabo-andaluz da Espanha medieval, um canto trovadoresco do séc. XIII, um texto bíblico e uma cantiga de amigo de Martin Codax encerram as portas do Templo de hoje”.

(1) Calamus (Espanha) (6) Quddâm (8:06) “The Splendour of Al-Andalus”
(2) Eduardo Paniagua/ … (Espanha/França/…) (5) Tres enemics e dos mals senhors ai (5:00) “Luz de la Mediterrania”
(3) Catherine Braslavsky (França) (5) Beati (3:56) “Un jour d’entre les jours…”
(4) The Dufay Collective (Inglaterra) (1) Quantas saberes amar (5:49) “Music for Alfonso the Wise”