2011/04/17

Boubacar Traoré (Mali) / Al Andaluz Project (Alemanha/Espanha/Marrocos)

“Uma peça da Guiné-Bissau sobre a saudade, uma canção do Senegal dedicada à paz e um feliz encontro da música griot da Guiné Conácri com a andalusa. São as primeiras heresias de hoje”.

(1) Taffetas (Guiné-Bissau / Suíça) (2) Saudade do meu amor (8:50) “Taffetas”
(2) Cissoko (Senegal) (9) Kaira (6:27) “Diam (la paix)”
(3) Djeli Moussa Diawara (Guiné Conácri) (3) Democratie (4:48) “Flamenkora”

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Boubacar Traoré nasceu em Kayes, a noroeste do Mali. Professor de profissão, Boubacar tem, no entanto, como verdadeira paixão a encantadora música de guitarras da região de Khassonke, que utiliza combinada com elementos do blues e do folk europeu.
Nos anos 70, Traoré emigrou para Paris e absorveu as influências do ocidente europeu. Quando regressou ao Mali, a sua música ganhou novos contornos e popularizou-se, passando a ser tocada regularmente na Rádio. Como Traoré não era um Jali, sentia-se livre para compor o seu próprio material, pelo que foi escrevendo letras que forneciam uma visão refrescante do reportório tradicional Mandinga.
As preocupações de Traoré são essencialmente sociais e sentimentais e a sua linguagem directa e apaixonada. As suas canções abordam todos os aspectos da sociedade e todas as faixas etárias. Encoraja a juventude a seguir os valores sociais dos seus pais, enfatiza a importância da verdade e sobrevaloriza o amor em relação ao dinheiro, entre outras mensagens.
Boubacar Traoré editou, até à data, oito registos: “Mariama“ (1990), “Kar Kar” (1992), “Les Enfants de Pierrette” (1995), “Sa Golo” (1996), “Maciré” (1999), “Je Chanterai pour toi” (2003), “Kongo Magni” (2005) e “Mali Denhou” (2011). Harmónicas, ngoni e hipnose em seis cordas cristalinas remetem-nos para o mundo do blues do Mali. As percussões do balafon e do calabash, plenas de ritmo, acompanham os passos lentos. A África profunda jorra por todos os lados!
Mais informações: http://www.lusafrica.com/4_1.cfm?p=160


(02) Mouso Tèkè Soma Ye (6:16) “Sa Golo”
(01) Mariama Kaba (5:35) “Mariama“
(05) Minuit (4:13) “Mali Denhou”
(03) Kanou (7:05) “Kongo Magni”

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“As potencialidades do oud, um instrumento de origem árabe semelhante ao alaúde, tecendo bandas sonoras do deserto e um poema litúrgico judaico das sinagogas do Magrebe. São os sons que encerram a primeira parte do Templo das Heresias”.

(1) Alla (Argélia) (4) Le Bled (12,12) “Tanakoul”
(2) Alain Chekroun & Taoufik Bestandji (Israel/Argélia) (3) Rahamekha (9,12) “Chants des Synagogues du Maghreb”

2ª Hora

“Uma Ballade do poeta francês Jehan de Lescurel e uma ballata do italiano Gherardello da Firenze, ambas do século XIV; ainda um poema anónimo da França do século XIII e uma outra ballata anónima do século XIV. Intérpretes da França, Inglaterra, Itália e Rússia abrem a segunda parte do Templo das Heresias”.

(1) Amadis (França) (3) Amours, trop vous dói cherir (4:08) “Anges ou démons”
(2) Mediva (Inglaterra) (3) I’vo’ bene (3:54) "Viva Mediva!"
(3) La Reverdie (Itália) (5) Pange melos lacrimosum (4:00) “Nox-Lux (France & Angleterre, 1200-1300)”
(4) Ensemble Syntagma (Rússia) (1) Che Ti Zova Nasconder (5:10) “Stylems: Italian Music From the Trecento”

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A implementação da ideia da formação do Al Andaluz Project é a história do encontro de duas formações musicais, os consagrados Estampie e os quase desconhecidos L'Ham de Foc. Michael Popp, director musical dos Estampie, ensemble alemão bem conhecido na cena da música medieval pela sua inovação e qualidade, após um concerto em Espanha, recebeu uma gravação dos L´Ham de Foc, uma banda de Valência que se dedica a misturar as sonoridades do Mediterrâneo oriental com a música medieval. Algumas semanas mais tarde, os valencianos actuaram em Munique, base dos Estampie, e Michael Popp, entusiasmado com o disco que recebera, aproveitou a oportunidade e propôs um projecto comum com os músicos espanhóis.
Durante os vários encontros em Munique e em Valência, altamente produtivos e inspiradores, foram trocadas experiências entre os músicos e novas ideias foram surgindo. Com três extraordinárias vozes femininas, o Al Andaluz Project dedicou-se a interpretar os géneros dominantes da música da Península Ibérica da Idade Média: A espanhola Mara Aranda a cantar os romances sefarditas, a alemã Sigrid Hausen a interpretar as cantigas galaico-portuguesas do Cancioneiro de Santa María e a marroquina Iman al Kandoussi a interpretar as canções árabes. Acompanham-nas exímios músicos espanhóis, alemães e marroquinos, que se socorrem pontualmente de percussionistas da Índia e da Rússia.
“Deus et Diabolus” (Galileo 2007) e “Al-Maraya” (Galileo 2010), os dois discos editados pelo Al Andaluz Project, até à data, dois exemplos perfeitos de autênticos intercâmbios culturais que ultrapassam datas e fronteiras, revelam um domínio perfeito de inúmeros instrumentos antigos e tradicionais (a sanfona, a nyckelharpa, o saz, o qanun, o oud, o rabab e a tabla, entre outros), sobrevoando as fabulosas vozes de Sigrid, Mara e Iman.
Mais informações: http://www.alandaluzproject.de/


(09) Hija mia (3:30) “Al-Maraya”
(09) Atiny naya (2:28) “Deus et Diabolus”
(07) La galana y el mar (5:12) “Deus et Diabolus”
(12) Las suegras de ahora (5:15) “Deus et Diabolus”
(03) Un sirventes novel (4:35) “Al-Maraya”

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“Recuando ainda mais no tempo, o Templo das Heresias incide, no final do programa de hoje, nos sons da música da Suméria e do Antigo Egipto”.

(1) Ensemble De Organographia (EUA) (11) A zaluzi to the Gods (3:49) “Music of the Ancient Sumerians, Egyptians & Greeks”
(2) Ali Jihad Racy (Líbano) (2) The land of the Blessed (6:56) “Ancient Egypt”
(3) Michael Atherton (Austrália) (17) Shen(song) (5:02) “Ankh: The Sound of Ancient Egypt”
(4) Rafael Pérez Arroyo / Hathor Ensemble (Espanha) (3) Iba Dance (6:59) “Ancient Egypt: Music in the age of the Pyramids”

2011/03/31

Souad Massi (Argélia) / Soeur Marie Keyrouz (Líbano)

“Uma canção de amor da Mauritânia, um elogio à mulher proveniente do Níger, um tema dos poetas rebeldes do Mali desértico e um manifesto político dos Sahraoui (Sahara Ocidental). São os sons que abrem hoje as portas do Templo das Heresias”.

(1) Malouma (Mauritânia) (9) Mahma El Houb (5,49) “Dunya”
(2) Etran Finatawa (Níger) (2) A Dunya (5,03) “Desert Crossroads”
(3) Tinariwen (Mali) (3) Chatma (5,36) “Amassakoul”
(4) Mariem Hassan (Sahara Ocidental) (8) Id Chab (3,34) “The Rough Guide to the Music of the Sahara”

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“O Ciclo dedicado às músicas do mundo na Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa na Temporada 2010/ 2011 apresenta, dia 28 de Março, a argelina Souad Massi substituindo a indiana Anoushka Shankar que cancelou todos os seus espectáculos previstos para esta altura.
Nascida na Argélia em 1972, Souad Massi destacou-se como vocalista e guitarrista, sofrendo influências do flamenco e de cantautoras de intervenção como Joan Baez, em proveito de um estilo muito pessoal e criativo, aberto ao Norte e ao Sul, ao Oriente e ao Ocidente. Apadrinhada por importantes músicos como Geoffrey Oryema, Thierry Robin, Idir e a Orquestra Nacional de Barbes, Souad Massi rapidamente se converteu numa das revelações indiscutíveis da música do Magrebe.
Souad começou por editar o registo “Raoui” – que significa “contadora de histórias” – cujos textos, em árabe e em francês, indiciavam o surgimento de uma nova cantora de intervenção. Em 2003 editou “Deb (heart broken)”, um álbum onde Souad mostrava a sua faceta mais poética e romântica. Em 2005, a jovem argelina regressou com “Honeysuckie (Mesk Elil)”, um álbum onde se revelavam canções pop com arranjos de luxo. Após a compilação ao vivo "Acoustic", em 2010, Souad Massi regressou com o "Ô Houria", um trabalho subtil, apaixonado e desarmante onde a cantora e guitarrista argelina, radicada em Paris, incorpora as influências ocidentais nas suas raízes. À música árabe e à pop, adornadas pela voz de arabescos de Souad, juntam-se guitarras, ukelele, bouzouki, mandolim, oud, piano, acordeão e percussões várias.
Mais informações: http://www.souadmassi.net/

(01) Samira Meskina (4:02) “Ó Houria”
(01) Raoui (4:27) “Raoui”
(02) Ghir enta (5:07) “Deb (heart broken)”
(10) Why is my heart sad (malou) (6:08) “Honeysuckie (Mesk Elil)”

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“Uma canção de amor sofrido das Ilhas Baleares, um tema tradicional do México sobre a escravatura, uma melodia que exalta a beleza das paisagens de Cuba e um canto da mestiçagem típica de Cabo Verde. São os sons que encerram a 1ª parte do Templo das Heresias.”

(1) Buika (Ilhas Baleares) (8) Volver (4:23) “Niña de Fuego”
(2) Lhasa (México) (5) El Payande (3:31) “La Lhorona”
(3) Omara Portuondo (Cuba) (5) Junto a un cañaveral (3:30) “Flor de Amor”
(4) Simentera (Cabo Verde) (1) Ami Xintadu (4:32) “Tr’adictional”

2ª Hora

“Uma adaptação de uma canção tradicional grega denominada “Oneiron tes kóres”, um tema anónimo sobre uma paixão por uma donzela e uma melodia tradicional do século X dos judeus iemenitas. O património sefardita na abertura da segunda parte do Templo das Heresias”.

(1) Primavera en Salonico (Grécia) (2) El sueño de la hija del rey (4:50) “Anixi sti Saloniki”
(2) Arianna Savall (Suíça) (2) Yo m’enamori d’un aire (5:08) "Bella Terra”
(3) Judith R. Cohen (Canadá) (2) Dror Yigra (7:51) “Empezar quiero contar”

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A libanesa Marie Keyrouz alia os seus profundos conhecimentos musicológicos do canto sacro ocidental e oriental a uma voz com um timbre de rara beleza e espiritualidade. Observando o ritmo ortodoxo grego, de onde uma parte da liturgia é em siríaco, os álbuns “Chant Byzantin” (1989), “Chant Traditionnel Maronite” (1991) e “Chants Sacrés Melchites” (1994) revelam-nos um trabalho que Marie Keyrouz vem desenvolvendo em prol da divulgação do canto sacro subjacente a liturgias específicas que teimam em sobreviver no conturbado e dito berço da humanidade. Em 1996, Marie Keyrouz editou “Cantiques de l’Orient”, em 1999 “Sacred songs from East & West”, em 2001 “Psaumes pour le 3ème Millénaire” e em 2003 “Hymnes to Hope”, registos carregados de salmos e hinos à esperança e de ecos do amor infinito de Deus pelo Homem.
Em 2008, Marie Keyrouz editou o seu último registo, intitulado “La Passion dans les Eglises Orientales”, produzido pela Univerkey (www.univerkey.com), sendo os benefícios da sua venda canalizados para a ajuda à escolarização das crianças desfavorecidas do Líbano. Uma vez mais, Marie Keyrouz brindou-nos com poemas líricos de inspiração religiosa, litúrgica, espiritual ou muito simplesmente humana, uma vez que “La Passion” busca a sua essência nos temas musicais mais antigos do canto tradicional maronita, melchita, siríaco e bizantino.
Mais informações: http://www.keyrouz.com/engindex.html

(01) Man hadha I malik (4:00) “La Passion”
(02) Ilahi hanayta-s-sama (8:11) “Cantiques de l’Orient”
(02) Hymnes byzantines de l’office de la Passion (7:09) “Psaumes pour le 3ème Millénaire”

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“Ensembles da Áustria, Brasil e Espanha interpretam as Cantigas de Santa Maria números 295, 100 e 122. Um dos maiores monumentos literários do Século XIII preenche, assim, a última parte do Templo das Heresias”.

(1) Ensemble Unicorn (Áustria) (6) Que por al non devess (5:43) “Alfonso X, El Sabio”
(2) Música Antiga da UFF (Brasil) (12) Santa Maria strela do dia (2:32) “Cânticos de Amor e Louvor”
(3) Grupo Sema (Espanha) I (6) Miragres muitos pelos reis faz (10:09) “Las Cantigas de Alfonso El Sabio”

2011/01/23

Warsaw Village Band (Polónia) / Yasmin Levy (Israel)

“Um hino cigano à Primavera entoado por uma intérprete turca, uma composição sobre a felicidade dos ciganos macedónios, uma canção folk sobre o destino e a errância dos ciganos búlgaros e um canto sobre a liberdade dos ciganos romenos. São os sons que abrem hoje as portas do Templo das Heresias”.

(1) Sezen Aksu (Turquia) (4) Hidrellez (3:51) “The Wedding and the Funeral”
(2) Esma Redzepova & Ensemble Theodosievsky (Macedónia) (4) Szelem Szelem (4:47) “Road of the Gypsies”
(3) Angelite (Bulgária) (1) Sadba (2:52) “Balkan Passions”
(4) Romica Puceanu & Orchestra Florea Cioaca (Roménia) (6) Erau Zarzarii-Nfloriti (5:33) “Cine nu stie ce-i doru”

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O grupo polaco Warsaw Village Band, constituído em 1997 por seis jovens músicos que descobriram a magia dos antigos instrumentos e dos antigos estilos vocais, produz um tipo de música a que chamam "hardcore folk", uma espécie de bio-techno no estilo "Voz Branca", um canto em forma de grito, usado no passado pelos pastores polacos. Instrumentos de cordas a soar como trombetas francesas, tambores furiosos, trance, improvisação e elementos da música das raízes são utilizados com entusiasmo e paixão pelos músicos que adoram viajar pela Polónia e pelo mundo para transmitir à sua própria geração os estilos musicais dos antigos. De entre os instrumentos tradicionais que utilizam, saliente-se a quase extinta "Suka", um tipo único de rabeca polaca do séc. XVI, tocada com as unhas. De realçar, ainda, na Warsaw Village Band, a criação de ritmos a partir de dois tambores, o que é muito pouco comum em qualquer tipo de música folk.
Para além da remix “Upmixing” (Jaro 2008) e do disco ao vivo “Live” (Jaro 2010), a Warsaw Village Band editou, até à data, quatro registos em estúdio: "Hopsasa Classic Polo", (Kamahuk 1998 / Jaro 2005), considerado o álbum folk do ano pelos ouvintes da Radio 3 Polaca e pela Revista Brum; "People's Spring" (Jaro 2001), um álbum extraordinário, vencedor do "BBC World Music Award"; "Uprooting” (2004 Jaro), o melhor álbum folk polaco do ano; e “Infinity” (Jaro 2008), em que o grupo, pela primeira vez, apresenta composições não tradicionais.
Mais informações: http://www.warsawvillageband.net/


(13) Lament (2:30) "Uprooting”
(01) Przyjdz Jasienku (1:24) "Hopsasa Classic Polo"
(02) 1.5 h (6:21) “Infinity”
(03) At my mother’s (4:16) "People's Spring"
(13) Maydów (4:42) "People's Spring"


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“Uma composição onde se exaltam as potencialidades do tambur; uma interpretação do “grande canto” do Uzbequistão, conhecido por katta ashulla; e um tema de mugham, a forma musical vocal e instrumental do Azerbaijão. São os sons que encerram a 1ª parte do Templo das Heresias.”

(1) Hector Zazou & Swara (Argélia /…) (1) Zannat (4:49) “In the House of Mirrors”
(2) Munadjat Yulchieva & Ensemble Shavkat Mirzaev (Uzbequistão) (9) Ey, Dilbary Djononim (6:24) “A Haunting Voice”
(3) Alim Qasimov Ensemble (Azerbaijão) (3) Getme Getme/Aman Avdji (10:00) “The Legendary Art of Mugham”


2ª Hora

“Uma lírica da Galiza do século XIII, uma vocalização harmónica baseada nos ancestrais cantos bifónicos mongóis e um tema árabo-andaluz da Granada do século XV. Antigas composições com novas roupagens na abertura da segunda parte do Templo das Heresias”.

(1) Stellamara (EUA) (3) Zephyrus (4:36) “Star of the Sea”
(2) David Hykes (EUA) (2) True to the Times (8:06) “True to the Times”
(3) Vox (Bulgária/...) (5) While the Birds Sing (7:19) “From Spain to Spain”

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A israelita Yasmin Levy, “uma das melhores cantoras do Médio Oriente”, segundo o The Guardian, depois de ter estado em Julho de 2010 em Sines, regressa a Portugal, nos próximos dias 26 e 29 de Janeiro, para actuar na Casa da Música (Porto) e no Grande Auditório da Gulbenkian (Lisboa).
Nascida em Jerusalém (1975), filha de um profundo conhecedor do repertório da tradição ladina, Yasmin dá nova vida a letras muito antigas, provenientes dos bairros judeus habitados pelos descendentes dos exilados de Portugal e Espanha no século XVI. Cantando em ladino, espanhol, hebraico, árabe e turco, Yasmin utiliza a música dos judeus sefarditas da Península Ibérica como base das suas canções e mistura-a com o flamenco (que viria a estudar em Sevilha, onde residiu durante algum tempo). Com a sua voz profunda e espiritual, Yasmin Levy entrelaça a pureza e o romantismo da música ladina com a paixão e a sensualidade do flamenco e serve-se, ainda, das influências do Oriente e dos Balcãs. Revela, assim, um singularíssimo estilo emotivo e nostálgico que veio a merecer a aclamação da crítica internacional, com duas nomeações para os prémios da BBC Radio 3.
Até à data, Yasmin Levy editou quatro registos: “Romance & Yasmin” (2004), “La Judería” (2005), “Mano Suave” (2007) e “Sentir” (2009).
Mais informações: http://www.yasminlevy.net/


(06) Una Pastora (2:01) “Sentir”
(06) Keter (5:38) “La Judería”
(02) Mano Suave (5:26) “Mano Suave”
(07) Una ora en la ventana (4:52) “Romance & Yasmin”
(09) Me estas mirando (3:36) “Romance & Yasmin”

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“Versões modernistas de composições do Llibre Vermell de Montserrat do séc. XIV; de um manuscrito da Abadia de St. Martial de Limoges, referência na Aquitânia durante o século XII; da mística abadessa beneditina alemã do séc. XII Hildegard von Bingen e de uma cerimónia religiosa húngara. São os sons que encerram o Templo das Heresias”.

(4) Hughes de Courson (França) (1) Stella Splendens (4:45) “Lux Obscura: a medieval electronic project”
(5) Pilgrimage (Inglaterra) (1) Campus Stella (5:10) “9 Songs of Ekstasy”
(6) Garmarna (Suécia) (6) O vis aeternitates (3:40) “Hildegard von Bingen”
(7) Lászlo Hortobágyi (Hungria) (4) Rex Virginum (6:00) “The Arcadian Collection”

2010/12/24

Anghjula Potentini (Córsega) / Ensemble Kantika (Alemanha/França/…)

“Uma composição baseada numa canção de amor greco-tunisina, uma prece arabo-andalusa habitualmente entoada de madrugada, um texto sagrado hebraico, um takhsefto (canto sagrado de Tagore) e um tema tradicional iraniano. São os sons que abrem hoje as portas do Templo das Heresias”.

(1) Savina Yannatou e Primavera en Salonico (Grécia) (19) Rabbi Blonni Bemlayan (3:35) “Songs of the Mediterranean”
(2) Amina Alaoui (Marrocos) (10) Batahouvat el Qama Bachahar (3:17) “Alcantara”
(3) Ruth Wieder Magan (Israel) (1) Roza Deshabbos (4:59) “Songs of the Invisible God”
(4) Evelyne Daoud (Palestina) (13) Akh tagore h’achire (4:44) “Chants sacrés”
(5) Nomad (França) (6) Manasiko (4:22) “Ciguri”

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Depois de um período de esquecimento e relativa decadência, o canto corso da tradição oral revigorou-se para atingir, no presente, uma indubitável expressividade e significado culturais. O dinâmico movimento de revivificação conseguiu levar de novo para as igrejas corsas as magníficas polifonias religiosas e, nos bistrots e alpendres, passou de novo a ouvir-se a paghjelle, a resposta profana às polifonias litúrgicas. A essa efervescência não serão certamente alheios os esforços, por exemplo, do malogrado Hector Zazou com Les Nouvelles Polyphonies Corses ou de Cinqui So, David Rueff, Donnisulana, Tavagna e Barbara Fortuna, entre outros.
Do novo fôlego do canto corso faz indubitavelmente parte a extraordinária voz de Anghjula Potentini, através dos discos “A lettera d’amore” e “Fiara”, editados pela Buda Musique.
Acompanhada por músicos talentosos, Anghjula Potentini interpreta o repertório popular corso com respeito, talento e criatividade. As letras das canções, como em todos os cantos populares corsos, são simples. Falam das esperanças, dos amores, das flores e dos corpos. E têm esse significado apenas: esperanças, vidas, ventos, dias... E o canto de Anghjula é a representação mais rude e bela que se pode fazer da voz dos anjos. A terra inóspita e os que vivem em comunhão de vidas com os elementos, conseguiram gerar essa voz que atravessa a alma, que envolve para além da mera sensação de felicidade imediata. É uma voz intemporal que tanto cria torrentes de evocação como o mais completo desejo de alegria tranquila.
Existe em Anghjula Potentini uma postura elevada de mostrar que a música popular é algo que continua a revelar tesouros escondidos.
Mais informações em: http://www.myspace.com/anghjulapotentini


(02) Amore speratu (4:26) “Fiara”
(04) Di veru è di Passione (4:56) “Fiara”
(13) Dio vi salvi Regina (2:50) “A lettera d’amore”
(10) O Dumè (2:54) “A lettera d’amore”
(04) Francesca Maria (4:26) “A lettera d’amore”
(06) Minicola (3:14) “A lettera d’amore”

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“Um tema basco sobre o exílio, uma canção tradicional da etnia Saami da Lapónia e um canto dos índios Seri de Sonora (México) que acompanha o nascimento encerram a primeira parte do Templo das Heresias”.

(1) Pedro Soler & Benãt Achiary (País Basco/França) (7) Chant d’exil (4:59) “Prés du coeur sauvage…”
(2) Wimme (Finlândia) (6) Boaimmas (5:35) “Wimme”
(3) Yaki Kandru (Colômbia) (3) Canto de los Seri (7:00) “Music from the Tropical rainforest & other Magic Places”

2ª Hora

“Curiosas interpretações da música do Antigo Egipto dão início à segunda hora do Templo das Heresias”.

(1) Ensemble De Organographia (EUA) (25) Harp piece II (2:02) “Music of the Ancient Sumerians, Egyptians & Greeks”
(2) Ali Jihad Racy (Líbano) (2) The Land of Blessed (6:56) “Ancient Egypt”
(3) Michael Atherton (Austrália) (17) Shen (song) (5:02) “Ankh: The Sound of Ancient Egypt”
(4) Rafael Pérez Arroyo (Espanha) (3) Iba Dance (6:59) “Ancient Egypt: Music in the age of the Pyramids”

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Kantika é um ensemble de música antiga, fundado em 1998 em Paris, que se especializou no repertório pré-renascentista, desde o canto gregoriano do século XI às cantigas das cortes régias e senhoriais da Baixa Idade Média. Incidindo, sobretudo, sobre o canto sacro, o ensemble faz, no entanto, incursões regulares em áreas como o madrigal, o conto, a polifonia contemporânea ou as cantigas dos trovadores.
Liderado pela musicóloga e cantora Kristin Hoefener, este grupo vocal, geralmente composto por cinco vocalistas femininas, privilegia, no seu trabalho, o património musical medieval europeu, o culto dos santos locais e das liturgias esquecidas e a interpretação o mais próxima possível das acústicas originais. As Kantika incluem, também, uma componente de transmissão que engloba actividades como a formação contínua, oficinas com coros e grupos vocais, ateliers de design e de projectos artísticos e estágios de canto gregoriano e de músicas medievais.
Nos concertos, o Ensemble Kantika convida a audiência para uma viagem ao passado, ao universo misterioso de um mosteiro medieval, à imponência de uma catedral ou à riqueza de uma corte senhorial. No final, as intérpretes comunicam e interagem com académicos e artistas e respondem às perguntas dos interessados.
Através da vigorosa interpretação das suas cantoras, cada uma com a sua própria personalidade e potencial artístico, as KANTIKA têm contribuído, ao longo dos anos, para a revitalização da música medieval. O seu estilo musical único combina a alma de cânticos antigos com um som contemporâneo refinado, apresentado em quatro registos de arquitectura excepcional: “A summo cello” (2005), com cantos e polifonias gregorianas dos séculos XI-XII, da Aquitânia; “Lux” (2006), com cantos de manuscritos dos séculos XI-XIV, da Catedral de Apt; "O Maria Virgo” (2007), uma reconstrução de uma missa cantada na abadia cisterciense feminina de Santa Maria de Las Huelgas, em 1300; e “Estel de mar” (2009), um programa com as canções dos peregrinos medievais de veneração à Virgem Maria (século XIV).
É este último, “Estel de mar”, que contém os maravilhosos cantos do Llibre Vermell de Montserrat da Catalunha, que aqui divulgamos hoje. As Kantika editaram este registo para a Christophorus, utilizando apenas gravador, violino, rabeca e pandeiro, evitando, assim, qualquer exagero. Cantoras de diferentes origens europeias, cada uma emprestando um colorido vocal diferente, fazem de “Estel de mar”, uma gravação animada, surpreendente e cheia de contrastes.
Mais informações: http://www.kantika.com/en/news/


(02) Stella splendens (6:45)
(06) Los set gotxs recomptarem (6:32)
(11) Inperayritz de la ciutat joyosa (8:06)

(Separador)

“Um tema arabo-andaluz da Espanha medieval, um canto trovadoresco do séc. XIII, um texto bíblico e uma cantiga de amigo de Martin Codax encerram as portas do Templo de hoje”.

(1) Calamus (Espanha) (6) Quddâm (8:06) “The Splendour of Al-Andalus”
(2) Eduardo Paniagua/ … (Espanha/França/…) (5) Tres enemics e dos mals senhors ai (5:00) “Luz de la Mediterrania”
(3) Catherine Braslavsky (França) (5) Beati (3:56) “Un jour d’entre les jours…”
(4) The Dufay Collective (Inglaterra) (1) Quantas saberes amar (5:49) “Music for Alfonso the Wise”

2010/11/22

Wimme Saari (Lapónia) / Ensemble Laude Novella (Suécia)

“Um feliz encontro entre a ebulição rítmica do Zaire e as encantatórias vozes búlgaras, um canto libertário da Argélia, um tema tradicional do Iémen e um poema árabo-andaluz. São os sons que abrem hoje as portas do Templo das Heresias”.

(1) Ray Lema, Professeur Stefanov et Les Voix Bulgares de L’Ensemble Pirin’ (Zaire/Bulgária) (10) Lyliano Mome (3:55) “idem”
(2) Houria Aïchi (Argélia) (7) Vie Nouvelle (2:51) “Hawa”
(3) Ora Sittner/Youval Micenmacher (Israel) (1) Qyria Yéféfyia (3:57) “Lamidbar: Chants Hébreux d’Israel et d’Orient”
(4) Amina Alaoui (Marrocos) (2) Ya ‘Ouchaq (7:14) “Alcantara”

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Domingos Costa com Wimme Saari em Sines (Portugal)

O território da Lapónia estende-se pela Suécia, Noruega e Finlândia, ora por planícies e lagos numa sinfonia única de verde e azul, ora por montanhas impenetráveis e florestas cerradas de bétulas e arbustos carregados de espinhos. Por todo o lado, o inconfundível cheiro a peixe fumado, o dia vencendo a noite com o sol bailarino da meia-noite e o joikh, o canto xamânico do povo Sáami em dias festivos.
De acordo com a tradição, os Sáami são os herdeiros directos das canções dos Uldas, uma indefinida espécie de criaturas mitológicas residindo nas florestas, nos lagos e nas montanhas. Cantar de acordo com a tradição, significa, na Lapónia, fazê-lo com total espontaneidade, privilegiando a expressão de sentimentos e de emoções, sob a forma de melodias quase demoníacas. É isto o joikh, que o povo Sáami canta, seja pelo prazer de saudar o Sol, sozinhos ou em pequenos grupos perdidos na imensidão da tundra, seja durante as festas ou no decurso das reuniões de família.
A par de Ulla Pirttijärvi e Mari Boine, Wimme Saari assumiu-se como um dos maiores cantores joik. Com seis discos editados (“Wimme” de 1995, "Gierran" de 1997, “Cugu” de 2000, “Bárru” de 2003, “Gapmu” de 2004 e “Mun” de 2010) e colaborações com artistas como Hedningarna ou Hector Zazou, Wimme Saari é exímio na improvisação e na gestão do arco tímbrico exigido pelo canto gutural do joikh, apresentado a capella ou com a delicada companhia instrumental de clarinete, percussões, cordas e electrónica.
Mais informações:
http://www.myspace.com/wimmeofficial
http://www.rockadillo.fi/wimme/index.htm

(12) Agálas johtin / The Eternal Journey (Até 5:56) “Cugu”
(27) Soajaidat vuollái govcca / Take me under thy Wings (1:30) “Gapmu / Instinct”
(01) Soahkesuovva / Birch Smoke (5:21) “Mun”
(06) Boaimmás / Rough-Legged Buzzard (5:35) “Wimme”
(02) Havana (4:41) “Gierran”
(04) Suhpi / Aspen (4:15) “Bárru”

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“Uma sanaa, peça da tradição andaluso-marroquina que traduz o amanhecer dos amantes que se separam; um canto feminino dos haréns dos palácios dos sultões otomanos; e uma típica peça folk dos portos de Creta, sobre a desilusão amorosa. São os sons que encerram a 1ª parte do Templo das Heresias.”
(1) Luís Delgado (Espanha) (6) Bilaya 5:04) “As-Sirr”
(2) Ensemble des femmes d’Istanbul (Turquia) (2) Gül yüzlülerin sevkine gel nus edelim mey (6:22) “Chants du Harem”
(3) Ross Daly & Labyrinth (Grécia) (6) Afou ‘Heis Allon Sti Kardia (5:27) “Mitos”


2ª Hora

“Uma Ballade do poeta francês Jehan de Lescurel (século XIV); uma Canção de Trobairitz da Condessa Beatriz de Dia (século XII); e duas Cantigas de Amigo de Pero Meogo e de Martín Códax (século XIII). São os sons que reabrem o Templo das Heresias”.

(1) Amadis (França) (12) Amours, que vous ai meffait (4:18) “Anges ou démons”
(2) Música Antiga da UFF (Brasil) (2) A chantar m’er de so q’ieu no volria (6:19) “A chantar: Trovadoras Medievais”
(3) Paulina Ceremuzynska (Polónia) (9) Levad’, Amigo, que durmides as manhanas frias (4:25) “E Moiro-me d’Amor”
(4) Ensemble Martín Códax (Espanha) (I.14) Ondas do mar de Vigo (3:01) “Devotio: Música para la Virgen y Santiago"

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Composto basicamente por Ute Goedecke (canto, flauta doce e harpa gótica) e Per Mattsson (rabeca medieval e lira da braccio), o Ensemble Laude Novella tem, no entanto, enquadrado outros músicos, dependendo do programa que escolham. Sediado em Skåne (Suécia), especializou-se na interpretação do repertório medieval e dos inícios da Renascença, sobretudo do período Ars Nova e do século XV, quando os novos sons se tornaram cada vez mais populares.
Desde a sua fundação em 1991, com o regresso a casa de Per Mattsson, proveniente da Schola Cantorum de Basileia, os Laude Novella realizaram regularmente vários programas em diferentes contextos. Concertos em catedrais e em igrejas, em ruínas de castelos e em salas de espectáculos, em escolas e em hospitais, em festivais na Suécia e noutros países e em programas de rádio e de televisão foram fazendo a delícia dos apreciadores das músicas sacra e vernácula, interpretadas pelo Ensemble.
O repertório seleccionado pelos Laude Novella é essencialmente da Europa do Sul, uma vez que não existem muitas fontes de música medieval da Suécia. Ainda assim, o Ensemble tenta incluir nos seus programas música com conexões escandinavas, tais como as canções do Livro Piae Cantiones, impresso em 1582, com raízes musicais provenientes da Idade Média.
As performances dos Laude Novella têm uma grande variedade de sons, bem do agrado do público. Para além dos numerosos concertos, (nomeadamente na Suécia, Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Holanda, Itália, Letónia, Lituânia, Estónia, Ucrânia, Rússia e Marrocos), o Ensemble Laude Novella tem ministrado, ao longo dos anos, cursos de Música Antiga. Por outro lado, foi editando vários discos, dos quais vamos destacar “O in Italia: Instrumental & vocal music from 14th Century Italy”, que abarca a idade de ouro da música em Itália, o Trecento, século de numerosos manuscritos, música polifónica, teóricos inteligentes e excelentes compositores como Jacopo da Bologna, Francesco Landini, Antonio Zacharia da Teramo e Laudario di Cortona; “Den Bakvända Visan: Medieval music back and forth”, com os compositores dos séculos XIV e XV (Guillaume de Machaut, Jehan de Lescurel, Francesco Landini, Guillaume Dufay, entre outros) cuja complexidade e originalidade não foram ultrapassadas até ao século XX; e “Armed men & fair ladies”, com peças dos séculos XV e XVI de compositores renascentistas como Guillaume Dufay, Gilles Binchois ou Robert Morton.
Mais informações em: http://www.laudenovella.com/


(05) Par ung jour de matinée (Alexander Agricola, ~1446-1506) (1:39) “Armed men and fair ladies”
(14) Saltarello (London MS., século XIV) (4:29) “O In Italia”
(13) Tre fontane (Anónimo, 1300-tal) (4:27) “Den Bakvända Visan”
(15) Musicalis sciencia (Anónimo, 1300-tal) (2:54) “Den Bakvända Visan”
(09) Donnes l’assault a la fortresse (Guillaume Dufay, ~1400-1474) (4:35) “Armed men and fair ladies”
(17) Ave Donna Santissima (Laudario di Cortona, séc. XIII) (4:37) “O In Italia”

(Separador)

“Um tema do poeta lírico, satírico e filósofo latino Quintus Horatius (65-8 a.C.), retirado das Odes; um canto aos estudantes da Finlândia do século XVI; uma Ballata de Gherardello da Firenze, (c.1322-63), retirada do códice Squarcialupi; e uma dança inspirada na música latina do século XIII. São os sons que encerram o Templo das Heresias”.

(1) Ensemble Cantilena Antiqua (Itália) (9) Est mihi nonum (3:49) “Epos: Music of carolingian era”
(2) Zefiro Torna (Bélgica/Finlândia) (15) Scholares convenite (3:35) “De Fragilitate: Hymns from Medieval Finland”
(3) Mediva (Inglaterra) (3) I’vo’ bene (3:54) "Viva Mediva!"
(4) Ensemble Alcatraz (EUA) (5) DS 11:11 (7:15) “Danse Royale”

2010/10/08

Mariem Hassan (Sahara Ocidental) / Musica Ficta (Dinamarca)

“Uma canção tradicional da Mauritânia dedicada aos homens; um canto dos tuaregues do Mali sobre as recordações da juventude; um tema de música mística de transe da Argélia; e um tema de música Gnawa de Marrocos, dedicado aos Sherfa, os santos descendentes do profeta Mohammed. São os sons que abrem hoje as portas do Templo das Heresias”.

(1) Khalifa Ould Eide & Dimi Mint Abba (Mauritânia) (7) Art’s Plume (8:03) “Moorish Music from Mauritania”
(2) Tinariwen (Mali) (12) Chabiba (3:20) “Imidiwan: Companions”
(3) Hasna El Becharia (Argélia) (06) Galbi (3:55) “Smaa Smaa”
(4) Hassan Hakmoun (Marrocos) (1) Sala Alla ‘Alik Dima Dima (4:10) “The Fire Within”

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Mariem Hassan, a residir actualmente em Barcelona, é a mais importante voz e, de certa forma, a embaixadora da música do Sahara Ocidental. Fazendo-se acompanhar por tambores tradicionais, alaúdes, guitarras e baixo, canta apaixonadamente os blues do deserto e narra as difíceis condições do povo Saharaui.
Nascida em 1958, perto da cidade santa de Smara, Mariem Hassan, vivendo no seio de uma família modesta (que criava camelos e caprinos), não pertencia a uma família de Igawa (griots), embora a música fosse uma parte importante da sua vida familiar. O seu pai tinha uma boa voz e a sua mãe cantava habitualmente em aniversários, casamentos e outras celebrações; a sua tia Zaina era conhecida como cantora e dançarina, o seu tio Bushad como um poeta e, de entre os seus irmãos, um é guitarrista e outro compositor. Mariem seguiu-lhes as pisadas e, ainda muito jovem, quando o Sahara ainda pertencia à Espanha, começou a cantar em pequenas festas privadas e a participar em reuniões clandestinas, onde o povo saharaui desenvolvia a sua cultura musical.
Mariem tinha dezassete anos quando a "Marcha Verde" teve lugar. Os dois irmãos militares levaram a família para o enclave de Mjeriz, a primeira etapa do exílio, e de lá para a Argélia, a um passo da inóspita Hamada. Depois da Espanha ter deixado o Sahara Ocidental a Marrocos e à Mauritânia, o povo Saharaui, antes maioritariamente nómada, passa a viver no exílio, em grandes campos. Mariem passou vinte e sete anos no campo de Smara (Argélia) e aí nasceram os seus cinco filhos.
Mariem Hassan começou por enquadrar o grupo El Hafed (que, mais tarde, mudou o nome para Mártir Luali), com o qual viajou para vários países participando em eventos culturais carregados com um alto teor político. No entanto, em plena guerra com Marrocos, eram muitas vezes boicotados por activistas e funcionários marroquinos no estrangeiro. Foi preciso esperar até 1998 para poder desfrutar da voz de Mariem Hassan, sobretudo com o grupo Leyoad, que actuou por toda a Europa. Após quatro anos de trabalho intensivo com a editora espanhola Nubenegra, Leyoad afirma-se graças à permanência no seu seio de Mariem Hassan e de Nayim Alal, duas das maiores figuras da música saharaui. Em 2002, Mariem gravou com o grupo um disco de medej e, desde então, consolidou-se como uma artista solo, participando em numerosas tournées e apresentações, sob o seu nome próprio. Esporadicamente actuava, no entanto, com as mulheres saharaui, com quem gravou Medej, uma colecção de cantos espirituais antigos.
A consagração final chegou com "Deseos", o seu primeiro álbum a solo, uma obra ardente, sólida e plena de ritmo, que aparentemente não deixa perceber as duas tragédias que ocorreram durante a sua realização, a leucemia e morte do seu produtor e o cancro da mama da própria Mariem.
Em 2009, Mariem Hassan regressou com "Shouka" (A espinha), um hino desafiante, honesto e eloquente, para orgulho e alento do povo saharaui, bem como de dor e suplício desde a invasão marroquina do Sahara Ocidental, em 1975. A voz de Mariem, com a sua intensidade e poder, é a espinha cravada na alma mórbida da consciência marroquina e na apática amnistia internacional. A sua paleta de emoções oscila entre o desafio e a melancolia, evocando o amor pela pátria e a alegria do ardente vento do deserto. Todas estas cores estão pintadas com palmas cadenciadas, tebales (tambores) ressonantes, coros efusivos, clarinetes evanescentes, guitarras hipnóticas e a suavidade dos nay (flautas). A experiente produção de Manuel Domínguez converte este complexo manifesto político numa das mais importantes edições discográficas do ano.
Mais informações:
http://www.nubenegra.com/artistas/index_ampli.php3?id=36


(01) Azzagafa (4:49)
(04) Baba Salama (4:17)
(11) Hinwani (3:11)
(02) Terwah (3:23)
(10) Ragsat naáma (3:55)

(Separador)

“Um tema onde um ensemble ocidental penetra nos meandros do klezmer, a música judaica do leste europeu, entre duas composições onde o oud, o zarb, o daf, o gatam, congas e percussões indianas interagem maravilhosamente com saxofones, contrabaixos, trompetes e flautas; Extraordinárias fusões do jazz com as sonoridades tradicionais encerram a 1ª parte do Templo das Heresias.”

(1) Michel Bismut/… (Tunísia) (2) Ludio (7:26) “Ur”
(2) John Zorn/Masada Chamber Ensembles (EUA) II (1) Tannaim (4:38) “Bar Kokhba”
(3) Rabih Abou-Khalil (Líbano) (1) Sahara (8:18) “Blue Camel”


2ª Hora

“Um canto aos estudantes da Finlândia do século XVI, um tema sobre um rei sobrenatural das montanhas da Noruega e uma balada da Suécia sobre uma mulher do mar que simboliza os desejos carnais. A música medieval da Escandinávia na abertura da 2.ª parte do Templo das Heresias.”

(1) Zefiro Torna (Bélgica/Finlândia) (15) Scholares convenite (3:35) “De Fragilitate: Hymns from Medieval Finland”
(2) Agnes Buen Garnas/Jan Garbarek (Noruega) (5) Venelite (7:34) “Rosensfole: Medieval Songs from Norway”
(3) Lena Willemark/Ale Möller (Suécia) (2) Gullharpan (6:33) “Nordan”

(Separador)

O ensemble Musica Ficta, sediado em Copenhaga, fundado em 1996 pelo compositor e maestro Bo Holten, é um notável grupo vocal profissional que se dedica à música antiga. Tendo-se especializado em música vocal, na polifonia, em madrigais e na música medieval, o grupo tem trabalhado exclusivamente em projectos temáticos, com base na ideia de que a experiência musical é reforçada pelas perspectivas histórica, literária ou filosófica, que desempenham um papel activo na programação. Entre outros, lançou registos dedicados à Renascença, à música da corte do Rei Cristian III, a cantigas dinamarquesas, a músicas infantis e a canções de Natal.
Em 1999, os Musica Ficta editaram o extraordinário registo “Medieval Music in Denmark”, que abarca as primeiras referências conhecidas da música dinamarquesa, desde o século IX ao XV. O registo, editado pela Dacapo, inclui uma polifonia parisiense do século XIII, encontrada numa notável fonte da Dinamarca, e versões dinamarquesas de canções do repertório internacional. Ilustra, assim, tanto a contribuição dinamarquesa para a música europeia como os contactos musicais que a Dinamarca desfrutou com o resto da Europa na Idade Média.
Em certa medida, a Música Medieval na Dinamarca e nos outros países escandinavos, tem sido quase sempre sinónimo de baladas nórdicas para dançar, que dependem da cooperação entre o vocalista principal, que narra uma história na língua vernácula, e sua audiência, que dança. Mas, apenas um pequeno número de peças medievais sobreviveram na Dinamarca e torna-se mesmo difícil decidir o que é dinamarquês dessa época. Há autores que consideram virtualmente impossível constituir um programa que inclua exclusivamente a música medieval da Dinamarca, mesmo que se utilizem fontes dinamarquesas. Contudo, é possível (e os Musica Ficta fizeram-no com mestria) elaborar um programa com uma ou outra conexão com a Dinamarca do ano 1000 até cerca de 1500, quando os reis dinamarqueses, tal como outros príncipes da Europa do tempo, começaram a dar ênfase à música como uma importante actividade cultural das cortes.
Mais informações em: http://www.myspace.com/musicafictadk


(12) Dromdae mik aen drom (c. 1300) (1:21)
(05) Decus regni (1170) (2:54)
(03) Regalis ostro sanguinis (2:06)
(07) Maria candens lilium (c. 1450) (2:29)
(18) O rosa in Iherico (c. 1450) (1:12)
(14) Mith hierthae brendher (c. 1450) (2:10)
(16) Nicolai solempnia (c. 1450) (1:23)

(Separador)

“Um hino da Escócia do século XIII, retirado do Manuscrito Uppsala; o mais antigo tema secular inglês conhecido, de um anónimo de cerca de 1250; um conhecido poema do género “canções de raparigas” do Minnesänger alemão Walther von der Vogelweide (c. 1170 – c. 1230); uma composição polaca do século XVI, de devoção à Virgem; e um tema da Hungria do século XVIII, sobre damas e bruxas. São os sons que encerram o Templo das Heresias”.

(1) Graysteil (Escócia) (3) Hymn to St Magnus (5:14) “Music from the Middle Ages and Renaissance in Scotland”
(2) Ensemble Belladonna (Suécia/Canadá/Alemanha) (3) Miri is while sumer ilast (3:03) "Melodious Melancholye”
(3) Freiburger Spielleyt (Alemanha/Suíça) (12) Under der linden na der heide (4:27) “O Fortuna”
(4) Dekameron (Polónia) (18) Zdrowa Badz Maria (3:25) “Ave Mater, O Maria!”
(5) Musica Historica (Hungria) (3 What a pity that I will remain single (4:13) “Dames and Witches”

2010/08/28

Hasna el Becharia (Argélia) / Diabolus in Musica (França)

“Um poema escrito em Bagdad sobre a errância do autor, uma canção que exalta a beleza da aurora no Alto Egipto, um tema dos tuaregues do Sahara de devoção a uma jovem e um canto do Povo Saharaui sobre a paixão e o desespero. São os sons que abrem hoje as portas do Templo das Heresias”.

(1) Jon Balke/Amina Alaoui (Noruega/Marrocos) (3) Jadwa (5:17) “Siwan”
(2) Ganoub (Egipto) (10) Leli (6:26) “… en arabe veut dire Sud”
(3) Tamikrest (Mali) (2) Aicha (3:18) “Adagh”
(4) Mariem Hassan (Sahara Ocidental) (3) La Tumchu Anni (4:47) “Deseos”

(Separador)

Natural de Béchar, uma localidade situada na área desértica do sudoeste da Argélia, Hasna El Becharia é a única mulher no Magrebe a tocar música Gnawa. Género praticado exclusivamente por homens - desde que as crenças animistas dos Bilad es-Sudan (em árabe, a Terra dos Negros, hoje Guiné, Senegal, Mali, Níger e Chade), vindas do outro lado do deserto, se reuniram com a fé monoteísta do Islão, - exerceu, no entanto, um fascínio em Hasna, levando-a a romper com a tradição.
A opção de Hasna El Becharia fez com que fosse alvo de grande rejeição e sarcasmo, mas a sua mente e alma estavam irrmediavelmente embrenhadas na música mística de transe que aprendera com o pai, um homem devoto, ele próprio um maâllem (mestre do sincretismo Gnawi - o plural de Gnawa).
Hasna El Becharia começou por interpretar, durante cerca de 30 anos, as músicas tradicionais dos árabes e berberes do deserto, sobretudo peças para abrilhantar casamentos. Primeiro tocou numa espécie de guitarra acústica denominada gumbri (um baixo arcaico de três cordas, tradicionalmente feito de tripa). Depois adoptou, também, a guitarra eléctrica, não para se aproximar do rock - que chegou à Argélia no final dos anos 50 -, mas para melhor se fazer ouvir durante os concertos, onde o público abafava a sua voz, quando se lhe juntava nas suas músicas. Exímia instrumentista, Hasna toca, ainda, oud, darbouka, bendir e até banjo.
Em 2002, com cerca de cinquenta anos de idade, Hasna lançou o seu álbum de estreia, Djazaïr Johara (Argélia, a Jóia) (Label Bleu/Indigo), em Paris, onde entretanto se radicara, após tomar parte no Festival Femmes d’Algérie, em 1999. A gravação, na altura destacada no “Templo das Heresias”, conta com grandes músicos da Argélia, mas também de Marrocos, Tunísia e Níger.
Em 2010, Hasna El Becharia regressa com Smaa Smaa (Il canto di Lilith/Lusafrica), gravado entre as dunas do Sahara, com simples e extraordinários instrumentos acústicos, descrevendo-o como um álbum muito pessoal. Uma vez mais, Hasna canta com uma voz calma, profunda e quase masculina e expressa inteiramente a sua espiritualidade numa linguagem contemporânea. Por um lado, desenvolve um estilo enraizado na tradição (nos ritmos gnawi, mas também nos populares estilos chaâbi da Argélia e Marrocos) e, por outro, pisca os olhos às novas sonoridades, pontuadas por guitarras, clarinete e violino.
Mais informações: http://www.myspace.com/hasnaelbecharia


(01) Smaa Smaa (5:12)
(02) Sadrak(4:09)
(06) Galbi (3:55)
(09) Hamou (5:19)

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“Uma fusão suíço-guineense em que as sonoridades da kora entrelaçam brilhantemente nos instrumentos de cordas ocidentais, uma morna cabo-verdiana adornada com arranjos de cordas egípcias, uma guajira (dança de salão de Cuba e um curioso diálogo entre as tradições do Senegal e das Caraíbas. São os sons que encerram a 1ª parte do Templo das Heresias.”

(1) Taffetas (Guiné Bissau/Suíça) (1) Fano Keita (7:50) “Taffetas”
(2) Cesária Évora (Cabo Verde) (3) Vento de Sueste (4:44) “Nha Sentimento”
(3) Guillermo Portabales (Cuba) (10) Al Vaivén de mi Carreta (3:17) “El Carretero”
(4) Orchestra Baobab (Senegal) (7) Hommage a Tonton Ferrer (5:52) “Specialist in all Styles”


2ª Hora

“Um mawwal, isto é, um tema livre e com introdução improvisada, cantado em circunstâncias felizes; um poema andaluz do século XII interpretado numa métrica longa, próxima da Mashri egípcia; e um texto místico baseado na música otomana clássica. A poesia litúrgica judeo-espanhola na abertura da 2.ª parte do Templo das Heresias.”

(1) Naguila (França) (1) Rahamekha (7:08) “Chants Mystiques Séfarades”
(2) Meirav Ben David-Harel/Yaïr Harel/Nima Ben David/Michèle Claude (Israel) (1) Yedidi Hashakhakhta (7:11) “Yedid Nefesh – Amant de mon âme”
(3) Alia Mvsica (Espanha) (2)Nostalgia y alabanza de Jerusalém (5:58) “El Camino de Alia Mvsica”

(Separador)

Desde 1992, o grupo francês Diabolus in Musica tem-se dedicado ao estudo e interpretação de todas as músicas medievais, desde o canto gregoriano até a grande polifonia do século XV.
Fundado e dirigido por Antoine Guerber (tenor e exímio instrumentista – harpa e tambores, consoante o repertório), editou até à data 14 discos, o último dos quais "Rose Tres Bele: Chansons & polyphonies des Dames trouvères" (2010 Alpha).
Neste registo, o ensemble explora todos os aspectos da presença feminina no repertório dos trouvères, os trovadores do norte da França medieval. Para o efeito, recorreu a vários tipos de fontes: as cantigas atribuídas às mulheres pelas rubricas de vários manuscritos (autoria feminina), embora sejam raras (dos 250 trouvères conhecidos, apenas oito são mulheres); os (poucos) poemas falados nas vozes femininas (a voz da mulher), embora não seja certa a sua autoria; algumas das cantigas trovadorescas anónimas expressas gramaticalmente na voz feminina, supondo-se que, algumas delas, tenham sido de facto escritas por mulheres; e as canções religiosas em langue d'oïl que dão uma ideia dos sentimentos das mulheres medievais.
Apesar de alguns estudos sobre a matéria, a voz da mulher na literatura medieval é um enigma. O historiador Georges Duby defendeu, por diversas vezes, que na Idade Média a representação da mulher era claramente moldada por uma perspectiva masculina (clérigos, escribas ou directores espirituais), fazendo com que a vida real das mulheres fosse inacessível e os seus pronunciamentos praticamente inaudíveis. Por sua vez, as teorias de Pierre Bec (1979) de que nenhuma das cantigas dos Trouvères foi escrita por mulheres e de Michel Zink (1977) de que a cantiga feminina seria uma ficção artística criada pelo homem, nomeadamente no género chanson de toile (cantigas de tear) prevaleceram durante muito tempo.
Alguns pesquisadores, no entanto, já não afirmam que cada canção com um texto falando do ponto de vista da mulher foi escrita por um homem. Acreditam que, pelo contrário, as mulheres foram as autoras de um grande número de peças que não só lhes dão uma voz, mas que também exploram toda uma gama de sentimentos e comportamentos que são supostamente característicos das mulheres. O facto de, a partir do século VI, a Igreja ter condenado as canções escritas por mulheres demonstra não só a sua existência, mas também, e sobretudo, a sua popularidade. O famoso moçárabe kharjas, por exemplo, no século XI, evidenciou um tipo de canções de mulheres, provavelmente canções de dança, em torno da bacia do Mediterrâneo. Por outro lado, romances do século XII, no norte da França, incluem muitas inserções líricas, compostas e cantadas por uma das heroínas. Além disso, vários textos, como também uma rica iconografia, provam que, no século XIII, havia muitas mulheres cantoras e instrumentistas no norte da França, nomeadamente as jongleresses na corte e na cidade e as freiras de clausura nos conventos. Nos estatutos da guilda de menestréis de Paris de 1321, por sua vez, surge a referência a “menestreus et menestrelles, jougleurs et jougleresses” e cita trinta e sete nomes, incluindo os de nove mulheres.
O programa dos Diabolus in Musica tem como objectivo mostrar que as mulheres da Idade Média se expressavam lírica e musicalmente, mesmo que a imagem que dão delas possa ser transmitida através do prisma masculino. O eco da voz que chega até nós, embora em surdina, mantém, por vezes, uma incrível e singular força e vitalidade, levantando uma ponta do véu que mantém as vozes das mulheres medievais ainda envolto em mistério.
Mais informações em: http://www.myspace.com/ensemblediabolusinmusica


(15) Dudous Jhesu (5:11)
(01) Las, Las, Las (2:54)
(02) Onques n’aimai (6:48)
(11) Amours que vous ai meffait (3:34)
(06) Margot, Margot (2:15)

(Separador)

“O extraordinário tema La Serena (Si la mar era de leche), dos judeus sefarditas expulsos de Espanha no século XVI, em diferentes versões. São os sons que encerram o Templo das Heresias”.

(1) Mosaic (Israel) (12) La Serena (2:19) “Yiddish & Judeo-Spanish Songs”
(2) Ensemble Lyrique Ibérique (Marrocos/França) (12) La Serena (3:43) "Romances Judéo-Espagnoles”
(3) Renaissance Players Winsome Evans (Austrália) (7) Si la mar era de leche (6:40) “The Sephardic Experience, Volume 4: Eggplants”
(4) Ensemble Accentus (Áustria) (2) La Serena (3:26) “Sephardic Romances”
(5) Azam Ali (Irão) (29 La Serena (4:32) “Portals of Grace