2007/01/07

Akim El Sikameya (Argélia) / Anabela Duarte (Portugal)

“Uma canção do Alto Egipto sobre a beleza da aurora e dois temas hipnóticos dos poetas rebeldes Tuaregues do sul do deserto de Sahara. São os sons que abrem hoje as portas do Templo das Heresias”.

(1) Ganoub (10) Leli (6,26) “..en arabe veut dire sud”
(2) Tinariwen (3) Chatma (5,36) “Amassakoul”
(3) Tartit (2) Ansari (5,23) “Abacabok”

(Separador)

Akim nasceu no Orão, a capital do raï, de uma família proveniente do Tlemcen, um povoado onde o arabo-andaluz constitui o património cultural popular. Durante 16 anos, Akim frequenta a escola do famoso Nassim El Andalous, onde absorve a herança arabo-andalusa clássica, integrando, paralelamente, a orquestra do colégio Montesquieu. A ideia de modernizar a música arabo-andalusa para a tornar tão popular como o raï, leva Akim a fundar o grupo El Meya, que se torna conhecido por acrescentar a guitarra flamenca e o piano aos instrumentos tradicionais árabes e por transformar as noubas em canções. É, no entanto, a experiência do exílio que vai dar sentido à música de Akim. Em Marselha, começa por adoptar o apelido El Sikameya (cruzamento de sika e de meya, duas das noubas mais alegres da música árabo-andalusa) e editar em 1999 o álbum “Atifa-Oumi”, Nos últimos três anos, rodeia-se de vinte músicos argelinos, ingleses e franceses e edita “Aïni Amel”, um álbum onde Akim aboliu o tempo e as fronteiras da sua vida. Considera-o o seu jardim, a sua viagem interior, os seus olhos (Aïni) e a sua alma (amel); entre tradição e modernidade, Orão e Paris, alegria e nostalgia, é um jardim sem barreiras, situado no cruzamento de todas as fronteiras. Encarna os melhores aspectos da nossa época, feita de reencontros e mestiçagens, enquadrando elementos do universo árabo-latino, do Oriente místico, do flamenco, das cadências afro-hispânicas, das baladas serenas, das cores célticas, ciganas e brasileiras…


(15) 3,43
(5) 3,26
(12) 4,32
(6) 4,46
(8) 1,46

(Separador)

“Uma canção sobre os problemas causados pelo ciúme, um tema sobre as preocupações sociais e um encontro feliz entre a guitarra e a Kora. A música do Mali no encerramento da 1ª parte do Templo das Heresias”.

(1) Boubacar Traoré (1) (4,07) “Kongo Magni”
(2) Lobi Traore (13) (8,43) “Mali Blue”
(3) Ali Farka Toure & Toumani Diabate (7) (4,34) ”In the Heart of the Moon”




2ª Hora

“Um tema arabo-andaluz da Espanha Medieval, um canto trovadoresco do séc. XIII, um texto bíblico e uma cantiga de amigo de Martim Codax.”

(1) Calamus (6) Quddâm (8,06) “The Splendour of Al-Andalus”
(2) Eduardo Paniagua/ …(5) Tres enemics … (5,00) “Luz de la Mediterranea”
(3) Catherine Braslavsky (5) Beati (3,56) “Un jour d’entre les jours…”
(4) The Dufay Collective (1/) Quantas Saberes amar (5,49) “Music for Alfonso the Wise”

(Separador)

Tendo desenvolvido uma longa carreira de compositora e intérprete na área da música pop e experimental, Anabela Duarte manteve simultaneamente a sua ligação ao canto clássico e ao teatro musical. Aliando intuição e conhecimento, seriedade e desenvoltura, a sua capacidade como cantora que domina múltiplos géneros foi sempre reconhecida, o que a coloca num lugar muito especial da nossa história do canto.
A prova disso encontra-se no seu novo registo discográfico “Machine Lyrique” (2005 Dargil), onde o jazz, a pop e o cabaret mais requintado se unem para produzir diferentes e divertidas interpretações de clássicos de Boris Vian e Kurt Weill.
Boris Vian (1920-1959), Baron Visi e Vernon Sullivan são três nomes para o mesmo homem multifacetado e cuja vida correu em linhas tão imprevisíveis (para não dizer desorganizadas) que, em várias alturas, trabalhou em profissões tão diferentes como engenheiro, tradutor, trompetista de jazz, cantor, romancista e colunista. Embora melhor conhecido pelo seu brilhante romance L’Écume des jours, a produção de Vian também inclui thrillers escritos sob o nome de Vernon Sulivan, peças de teatro, contos e canções.
Como Vian, Kurt Weill (1900-1950) era um artista sem medo de cruzar fronteiras, se bem que nunca as tenha abolido de modo tão radical. Afirmou-se como compositor com a ópera O Protagonista, estreada em 1926, mas já era notória a sua intenção de trabalhar no teatro musical. Um objectivo que atingiu o seu apogeu através da sua colaboração com Bertolt Brecht. Após fugir da Alemanha Nazi em 1933, continuou a sua obra em Paris, e mais tarde nos EUA, onde ficou até à sua morte. E é através das obras de colaboração com Brecht – tais como A Ópera dos Três Vinténs (1928), A Ascensão e Queda da Cidade de Mahagonny (1930) e Os Sete Pecados Mortais (1933) – que continua a ser mais conhecido.
Graças à sua interpretação de Boris Vian e Kurt Weill, Anabela Duarte fez de “Machine Lyrique” uma obra de referência da sua carreira.


(2) 4,01
(3) 2,25
(10) 2,01
(12) 3,25
(13) 4,21

(Separador)

“Uma canção à Virgem Maria de Gautier de Coinci, uma cantiga trovadoresca de Lorraine, uma cantiga de amigo e uma cantiga de amor. Composições do séc. XIII no encerramento do Templo das Heresias.”

(1) Ensemble Alegria (França) (2) Quand voi… (5,54) “Gautier de Coinci: Les miracles de Nostre-Dame”.
(2) Ensemble Syntagma (Rússia/…) (10) Toz esforciez …(6,33) “Touz Esforciez: Trouvères en Lorraine”.
(3) Jordi Savall/... (Espanha) (1) Quantas Sabedes amar (0,3-4,34) “Du Temps et de l’instant”.
(4) Paulina Ceremuzynska (Polónia) (2) O que vos nunca cuidei a dizer (5,30) “Cantigas de amor e de amigo”.