2006/12/31

Os melhores discos de 2006

“O Templo das Heresias”
(Rádio Universidade de Coimbra)
Domingos Costa
http://templodasheresias.blogspot.com/


Em 2006 “O Templo das Heresias” continuou teimosamente a divulgar algumas das tendências menos conhecidas, mas simultaneamente das mais interessantes, do mundo da música. Nesta altura de balanços, não quer, naturalmente, deixar de chamar a atenção para algumas das (suas) maiores referências do ano.

Accentus Áustria - Romances Séfarades dans l'empire de la Sublime Porte (Arcana)
Ali Boulo Santo and Manding-Ko - Komo Féllé (Frikyiwa)*
Ali Farka Toure – Savane (World Circuit)
Boris Kovac & La Campanella - World After History (Piranha)*
Constantinople - Constantinople (Atma) *
Delroy Wilson - Better Music Come: The Anthology (Trojan)*
Dennis Alcapone - Guns Don't Argue: The Anthology 70-77 (Trojan)*
Desmond Dekker - You Can Get It If You Really Want: The Definitive Collection (Trojan)*
Diabolus in Musica - La Doce Acordance: Chansons de Trouvères (Alpha)*
Electric Gypsyland 2 (Crammed Discs)
Ensemble Jehan de Channey - Chants et Musiques du Moyen-Âge (Frémeaux & Associés)*
Etran Finatawa - Desert Crossroads: Tuareg & Wodaabe Nomads Unite (World Music Network)
Fin' Amor - Martin Codax: Cantigas de amigo (Pavane)*
L' Ensemble Aromates - Jardin de Myrtes: Mélodies andalouses du Moyen-Orient (Alpha)*
Les Fin' Amoureuses - Marions les Roses: Chansons & Psaumes, de la France à l’Empire Ottoman (Alpha)*
Ludovico Einaudi/Ballaké Sissoko - Diario Mali (Ponderosa)*
Maciej Malenczuk & Consort - Cantigas de Santa Maria (Warner)
Mariem Hassan – Deseos (Nubenegra)*
Millenarium - Chansons de Troubadours et Danses de Jongleurs (Ricercar)*
Montserrat Figueras - Lux Feminae (900-1600) (Alia Vox)
Music from the time of the Crusades (Virgin)
Parissa & Ensemble Dastan - Gol-E Behesht (Network)*
Qntal - Qntal IV: Ozymandias (Irond)
Romica Puceanu & The Gore Brothers - Sounds from a Bygone Age, Vol.2 (Asphalt Tango)
Sinfonye - Bella Domna: The Medieval Woman (Hyperion)
Taffetas – Taffetas (Most)*
Taos Amrouche - Chants Berbères de Kabylie (L'empreinte digitale)*
Taraf de Haïdouks - The Continuing Adventures (Crammed Discs)*
Tartit - Abacabok (Network)
Tinariwen – Amassakoul/The Soul Rebel of African Desert (Emma)*
Toots & The Maytals - Pressure Drop: The Definitive Collection (Trojan)*
Toumani Diabate's Symmetric Orchestra - Boulevard de L'Independance (World Circuit)
World Circuit Presents... (World Circuit)
Yanka Rupkina – Keranka (World Connection)*


* Estes discos têm data de edição anterior, mas só em 2006 foram divulgados em “O Templo das Heresias”

2006/09/27

Tartit (Mali) / Dekameron (Polónia)

1ª Hora

“Uma canção de amor da Mauritânia, um elogio à mulher proveniente do Níger, um tema dos poetas rebeldes do Mali desértico e um manifesto político dos Sahraoui, de Marrocos. São os sons que abrem hoje as portas do Templo das Heresias”.

(1) Malouma (9) Mahma El Houb (5,49) “Dunya”
(2) Etran Finatawa (2) A Dunya (5,03) “Desert Crossroads”
(3) Tinariwen (3) Chatma (5,36) “Amassakoul”
(4) Mariem Hassan (8) Id Chab (3,34) “The Rough Guide to the Music of the Sahara”


Separador

Os homens Tuareg do deserto do Sahara estão cobertos por véu, as mulheres não. A Sociedade Tuareg é uma das poucas do continente africano em que as mulheres estão autorizadas a escolher os seus maridos e para se divorciar deles se o entenderem.
Nada evoca com tanta autenticidade a imensidão do deserto do Sahara como a música dos Tartit, uma banda Tuareg constituída por cinco mulheres e quatro homens que residem na região de Timbuktu.(Mali)
A música dos Tartit é uma espécie de Trance hipnótica: as mulheres, sentadas, cantam e tocam ritmos cíclicos nos seus tambores típicos, enquanto os homens cantam e tocam instrumentos de corda acústicos e eléctricos.
A banda formou-se num campo de refugiados, tal como os Tínariwen, que já aqui destacámos, durante o levantamento Tuareg nos inícios dos anos 90. Os Tartit realizaram já pela Europa várias tournées, a mais recente fazendo parte dos concertos “Desert Blues”.
Depois de um registo editado pela Network (“Ichichila”), os Tartit regressam em 2006 com “Abacabok” para a Crammed, um registo gravado em Bamako e no norte desértico do Mali pelo produtor dos Congotronics, Vincent Kenis, no seu estúdio móvel. Distribuição: Megamúsica.

(2) 5,23
(5) 4,32
(9) 4,45
(12) 5,52


Separador

“Um tema inspirado na música clássica da Índia do Sul e um Khyal, a forma musical característica da Índia do Norte. A música do subcontinente indiano no encerramento da 1ª parte do Templo das Heresias”.

(1) Selvaganesh (3) Love to my brothers (8,40) “Soukha”
(2) Lakshmi Shabkar (2) Khyal … (11,45) “Les heures et les saisons”



2ª Hora

“Uma sibila Latina do séc. X e uma melodia judaica de Marrocos, do séc. XII”.

(1) Montserrat Figueiras (2) Femina Antiqua (10,14) “Lux Feminae”
(2) Meirav Ben David-Harel/ Yaïr Harel/Nima Ben David/ Michèle Claude (Israel) - (1) Yedidi …(7,11) “Yedid Nefesh: Amant de mon ame”


Separador

“O culto da Virgem Maria faz parte da civilização cristâ desde os seus primórdios. Começou por florescer na Europa medieval a partir das actividades de S. Bernardo e, subsequentemente, de S. Domingos. Desde o séc. XII algumas das mais esplêndidas igrejas foram construídas em louvor à mãe de Deus, inúmeras abadias e catedrais incluindo as de Notre Dame (Paris), Chartres e Rheims.
O séc. XIII assistiu à emergência das peregrinações aos santuários marianos de Montserrat, Puy, Rocamadour, Mariazell e a dezenas de outros lugares da Europa, onde os crentes oravam em frente a imagens e figuras miraculosas da Mão de Deus. A Madonna e o filho constituíram mesmo um dos motivos favoritos da iconografia medieval. Inicialmente foram apresentados com total esplendor, quase sempre rodeados por anjos em adoração. Com o passar do tempo, as imagens da Madonna começaram a perder a sua divina majestade e a esplendorosa, sorridente ou pensativa Mãe de Deus, emanando calor humano, tornou-se particularmente fechada ao Homem. As populações rezavam à Nossa Senhora para que intercedesse junto de Deus na concessão de graças; canções foram escritas para exultar a sua glória. Ela era a heroína de inúmeras lendas sobre eventos miraculosos. Entre as mais belas colecções de peças poéticas e musicais dedicadas à Mãe de Deus constam os “Miracles de Nostre-Dame” por Gautier de Coincy, de França, dos inícios do séc. XIII, a as Cantigas de Santa Maria, de Afonso X, o Sábio, de Castela, dos finais do séc. XIII.
As canções germânicas de louvor à Mãe de Deus são orações fervorosas com características íntimas e pessoais, mas também adaptações livres e perífrases de textos litúrgicos. Na Polónia, as canções marianas, a mais conhecida das quais foi Bogurodzica (“Mãe de Deus”), apareceram um pouco mais tarde que no Ocidente europeu. Muitas delas eram versões polacas de canções de outros países, como é o caso, por exemplo, de “Ave Mater o Maria”, importada de Itália.
São pois, temas da Espanha, França, Alemanha e Polónia medievais, dedicados à Virgem, que constituem o registo “Ave mater, o Maria”. Interpretam-nas o grupo polaco Dekameron.
Fundado em 1993 para popularizar a cultura musical da Europa da Idade Média, sobretudo dos séc. XII ao XV, os Dekameron liderados por Tadeusz Czechak servem-se de réplicas de instrumentos antigos construídos a partir sobretudo de iconografias medievais.


(13) 1,44
(2) 3,18
(1) 3,47
(5) 1,49
(4) 3,19
(17) 6,10

Separador

“Música do Antigo Egipto, da Roma Antiga e da Grécia Antiga”.

(1) Hathor Ensemble (9) Processional … (9,52) “Ancient Egypt: Music in the Age of the Pyramids”
(2) Synaulia (5) Synphoniaci (5,53) “Music from Ancient Rome, vol. 2: String instruments”
(3) Cristodoulos Halaris (3) Second Delphic Hyme (6,14) “Music of Ancient Greece” (T.T. 21,00)

2006/09/12

Lullabies (ellipsis arts) / Ensemble Alpha (Portugal)

“Uma canção tradicional da Sardenha, uma versão de um tema popular da Bulgária, um canto baseado numa melodia da Mongólia, e uma dança dos dervishes do vale das sombras. São os sons que abem hoje as portas do Templo das Heresias”.

(1) Ghjuvanpetru Lanfrsnchi (9) Brunetta (4,29) “David Rueff: Tra Ochju e Mare”
(2) Passio (1) Stava la madre (4,29) “Passio”
(3) Faraualla (5) Szerelem (1,34) “Faraualla”
(4) Nomad (9) Mokilikili (3,18) “Ciguri”
(5) Sainkho (6) Valley of Shadows (4,25) “Naked Spirit”

(Separador)

“Ao longo dos tempos e nos mais variadíssimos lugares, a canção tem sido um das expressões fundamentais da existência humana. Tal como os lamentos fúnebres, as celebrações dos casamentos, os cantos do trabalho e a música ritual, também as canções de embalar datam de tempos imemoriais. Intimamente e quase exclusivamente ligado a experiências femininas (as mães, naturalmente, mas também as avós, as tias, as amas…), as canções de embalar constituem o primeiro contacto das crianças com a música; mas é, também, o amor e a linguagem do coração que são transmitidos através destas canções, destinadas a acalmar as crianças e a conduzi-las serenamente ao sono.
Em termos musicais, as canções de embalar, sejam quais forem as suas proveniências, mostram um certo número de similaridades: versos simples, refrões baseados em cantos onomatopaicos, um número limitado de sequências melódicas que podem ser repetidas e ritmos suaves e monótonos para ajudarem as crianças a adormecer. A origem dos textos pode ser extremamente diversa: a promessa de um objecto ou de um brinquedo, a referência ao regresso de um pai ausente, a incorporação de temas religiosos, a evocação de circunstâncias próprias e pessoais dos intérpretes, sobretudo quando as crianças ainda não dominam a linguagem, etc.
Já aqui destacámos, em diversas ocasiões, alguns discos dedicados às canções de embalar (“The Planet Sleeps”, “Cuban Lullaby”, “Brazilian Lullaby”, “African Lullaby”, “Traditional Lullabies” de Nikos Kypourgos e Savina Yannatou, “Ninna Nanna”, de Montserrat Figueres, entre outros). Hoje vamo-nos debruçar sobre cinco antologias da etiqueta americana ellipsis arts …: “Latin Lullaby”, “Mediterranean Lullaby”, “American Lullaby”, “World Music for little ears” e “Lullabies for a small world”, autênticas viagens musicais ao mundo das canções de embalar.

(1) Nelie Lebron – A dormir ticura (0,52) Porto Rico
(2) Ntomb’khona Diamini-thula A Sul Latim(3,08) Zimbabwe
(3) Clara Alonso - Oguere (1,41) Cuba
(4) Chiara Civello – Ninna Nanna (3,39) Sicília
(5) Alessandra Belloni – Nia, Nia (3,00) Itália/ Grécia

(Separador)

“Uma tema basco sobre o exílio, uma canção tradicional da etnia saami da Lapónia e um canto dos índios Seri de Sonora (México) que acompanha o nascimento enceram a 1ª parte do Templo das Heresias”

(1) Pedro Soler & Benãt Achiary (7) Chant d’exil (4,59) “Prés du coeur sauvage”
(2) Wimme (6) Boaimmas (5,35) “Wimme”
(3) Yaki Kandru (3) Canto de los seri (7,00) “Music from the Tropical rainforest & other Magic Places”


2ª Hora

“Musica do Antigo Egipto”

(1) Ali Jihad Racy (Líbano) (2) The land of Blessed (6,56) “Ancient Egypt”
(2) Michael Atherton (Austrália) (17) Shen song (5,02) “Ankh: The Sound of Ancient Egypt”
(3) Rafael Pérez Arroyo/ The Hathor Ensemble (3) Iba Dance (6,59) ) “Ancient Egypt: Music in the age of the Pyramids”

(Separador)

As variadíssimas tradições de canto litúrgico cristão, ortodoxas e católico – romanas, não só reflectem a triste separação entre o Oriente helénico e o Ocidente latino, mas também mostram interligações, tanto com outras tradições de canto como com repertórios populares. São estes contrastes e ligações que fornecem o pretexto para a edição de “O Divina Virgo”, do Ensemble Alpha (2005 DARGIL).
”Kyrie Cunctipotens” em notação bizantina, de um manuscrito proveniente do centro de espiritualidade ortodoxa – O Monte Athos, na Grécia, é a obra emblemática do “convívio” Oriente/Ocidente e do disco; um hino à Virgem contado normalmente para concluir a anáphora (Cânon) da Divina Liturgia e um apolitíquio (hino de demissão) para a festa de São João Crisóstomo, exemplo paradigmático do canto do Mosteiro de Valaam (Rússia/Finlândia), um cântico da tradição carpato-russa entoado nas Grandes Completas de Natal são outros exemplos da vertente oriental na gravação.
Para representar a tradição ocidental em “O Divina Virgo”, está incluída uma série de obras medievais que mostram uma espiritualidade mais popular, entre as quais dois hinos em canto chão, publicadas em Espanha no séc. XVI, um virelai com refrão coral incluído no Llibre Vermell de Montserrat (séc. XIV) e textos de louvor à Virgem Maria (séc. XIII).
Interpretam “O Divina Virgo” O Ensemble Alpha, sediado em Lisboa, um grupo especializado nos contrastes e ligações entre várias tradições medievais de música sacra, com ênfase especial nas de países ortodoxos e da Península Ibérica, e com uma abordagem fortemente influenciada por diversas tradições populares.


(12) 4,21
(6) 3,07
(14) 3,11
(1) 4,43
(2) 4,01
(T.T. 19,23)

(Separador)

“Um tema sefardita., uma peça do Cancioneiro de Barbieri (séc. XVI) e um tema do séc. XII do Codex Calixtimius (Catedral de Santiago) São os sons que encerram hoje o Templo das Heresias.”

(1) Arianna Savall (2) Yo m’enamori (5,08) “Bella Terra”
(2) Begoña Olavide/ Mudejar (3) Los Sospiros (7,13) “Cartas al rey moro”.
(3) Ensemble Weltgesang (1) Dum Paterfamilias (7,36) “Primus Ex Apostolis”.

2006/08/27

Ali Farka Touré (Mali) / Ensemble Jehan de Channey (França)

1ª Hora

“Um tema dos nómadas da região do Kordofan, no Sudão, uma canção que exalta a beleza da aurora proveniente do Alto Egipto e um poema litúrgico dos Judeus do Noroeste Africano. São os sons que abrem hoje as portas do Templo das Heresias”.

(1) Abdel Gardir Salim All-Stars (6) Almaryood (4,46) “The Merdoum Kings play Songs of Love”
(2) Ganoub (10) Leli (6,26) “… en arabe veut dire Sud”
(3) Alain Chekroun & Taoufik Bestandji (3) Rahamekha (1,21 – 9,12) (7,51) “Chants des Synagogues du Maghreb”

(Separador)

“Ali Ibrahim Touré nascera em 1939, na aldeia de kanau, junto ao rio Níger, no nordeste do Mali; este ano, foi vencido pela morte, aos 67 anos de idade e 55 de carreira de sucesso. O sobrenome “Farka” (que quer dizer “burro”, isto é, “teimoso”), advém-lhe do facto de ter sido o primeiro filho dos seus pais a sobreviver à infância (nove irmãos haviam morrido antes de ele nascer). Apesar de ser de origem nobre, fazendo parte da etnia Arma, Ali Farka Touré não frequentou a escola e foi educado no campo. No entanto, muito cedo se interessou pela música. Começou por ganhar proeminência no Mali, nos anos 60, com a Orquestra da Rádio Mali, descobriu os blues, através da música de John Lee Hooker, mas só em 1976, quando contava já 37 anos, é que lançou o seu primeiro disco. Ligou-se então à editora inglesa World Circuit, resultando desse contrato nove álbuns: “Ali Farka Touré” (1988), “The River” (1990), “The Source” (1992), “Talking Timbuktu” com Ry Cooder (1994) com o qual ganhou um grammy, “Radio Mali” (1996), “Niafunké” (1999), “Red & Green” (duplo constituído por dois discos originalmente editados em vinil em 1979 e 1988) (2004), “In the Heart of the Moon”, com Toumani Diabaté (2005) e, finalmente, “Savane” (2006), editado após a sua morte.
Ao longo dos anos, fomos seguindo com atenção a carreira deste génio maliano, dedicando-lhe programas, cada vez que saía um disco seu. Faltava apenas debruçarmo-nos sobre “Savane”, o que, com justiça, acontece agora. Saído das mesmas sessões que originariam o álbum com Toumani Diabaté, “Savane” aproxima-se das texturas hipnóticas de “Niafunké”, sobretudo pela exímia utilização da njarka (violino de uma corda) e de “Talking Timbuktu” com Ry Cooder , pelo tom bluesy, principalmente do tema título. Delicado e sedutor “Savane” afigura-se-nos, desde já, como um dos mais importantes álbuns de World Music deste ano.


(5) Savane (7,43)
(10) Hommage a Anassi Coulibaly (5,05)
(1) Ewly (4,32)
(T.T. 17,00)

(Separador)

“Uma homenagem libanesa à famosa cantora de rembetiko Rita Abadzi; uma peça senegalesa que aproxima as raízes griot dos Mandingas e a produção contemporânea e um tema guineense sobre a importância do conhecimento e da sua transmissão. São os sons que encerram a 1ª parte do Templo das Heresias.”
1. Abaji - (3) For Rita (4,11) “Oriental Voyage”
2. Cissoko - (7) Miro (5,38) “Diam (la paix)”
3. Mory Kanté – (8) Loniya (6,05) “Sabou”

2ª Hora

“Música medieval da Noruega, França (séc. XII) e Catalunha (séc. XII)”
1. Agnes Buen Garnas - (9) Grisilla (7,15) “Rosensfole: Medieval Songs from Norway”
2. Oni Wytars - (6) Reis Glorios (5,24) “Amar y trobar: El Misterio en la Edad Media “
3. Els Trobadors – (8) I. Lanqand li jorn (4,43) “Et ades será l’alba”
(T.T. 17,22)


(Separador)

““O Ensemble Jehan de Channey, sediado em Avignon, dedica-se desde 1982 à interpretação dos repertórios da Idade Média e da Renascença. Quatro anos após a sua fundação, o grupo abriu um atelier para transmitir o gosto e a ciência da música antiga; em 1987, constituiu um grupo de dançarinos para criar nos seus espectáculos a ambiência medieval ou renascentista. Com várias edições pela De Plein Vent, o Ensemble Jehan de Channey é agora recuperado pelas edições Frémeaux & Associés.
O registo “Chants & Musiques du Moyen-Âge”, que agora se encontra disponível, reúne dois CDs representativos do interesse do Ensemble Jehan de Channey pela Idade Média: o primeiro intitula-se “Trouvères et Troubadours du XIII siècle” e o segundo “Cantigas de Santa Maria / Carmina Burana”.
Desde o séc. XI, uma poesia nova, o Trobar, surge na pena de Guilhem de Poitiers, duque da Aquitânia (1071-1126), o primeiro trovador. A partir daí emergia uma nova primavera de divertimento, amor e juventude, sem complexos, cheia de exuberância e na sua língua materna, a língua d’Oc ou Occitana. Esta poesia é cantada e declamada com toda a liberdade pelos troubadours do sul do Loire, de Limousin à Aquitânia e de Auvergne à Provença, ocupando todo o centro da França. Celebrizaram-se, por exemplo, Bernard de Ventadorn, Bernard de Born, Guiraut de Bornell, Peire Vidal... Paralelamente, no norte de França, surgiram, no século XII, os trouvères, na região parisiense e da Champagne a partir da corte de Thibaut IV, conde da Champagne e de Brie. Tal como os homólogos do sul, cantavam o amor cortês, mas faziam-no na língua d’Oil; celebrizaram-se, entre outros, Gautier de Coinci, Colin Muset, Gace Brulé, Conon de Béthune... Estes poetas-cantores são o alvo do primeiro CD de “Moyen-Âge: Chants & Musiques – XIII”.
No segundo CD, o grupo debruça-se sobre As Cantigas de Santa Maria e sobre Carmina Burana. As Cantigas de Santa Maria, num total de 426 obras dedicadas à Virgem, foram compostas na segunda metade do século XIII, por volta de 1250-80, sob a direcção do então rei de Castela, Afonso X, el sábio (1221-1284). Pela sua coerência temática e formal, pela sua homogeneidade estilística, pelo seu número e até pela beleza dos próprios manuscritos que as contêm (alguns deles com luxuosas miniaturas), esta colecção tornou-se num fenómeno particular na história da música medieval e constitui o cancioneiro com mais variedade de temas acerca da Virgem Maria em toda a Europa. A colectânea de canções, editada em 1847 pelo linguista Johan Andreas Schmeller a que chamou Carmina Burana devido ao respectivo local de origem (o Mosteiro beneditino de Benediktbeuren), datava de cerca de 1300 e continha poesia trovadoresca, sobretudo em latim. A maior parte dos poemas é de temática profana e de origem predominantemente goliardesca: daí o lado fortemente satírico ou claramente desbragado de alguns textos, com a sua celebração muito pagã dos prazeres do vinho, da gula e do deboche, que não excluem, aliás, a profunda interioridade das peças (quantitativamente minoritárias) de inspiração sacra.


I (19) (4,33) / II (8) (3,38) / I (25) (2,04) / II (11) (3,13) / I (13) (3,50) / II (18) (2,52) (T.T. 20,10)

(Separador)

“Uma sibila Latina do séc. X e uma melodia judaica de Marrocos, do séc. XII”.

(1) Montserrat Figueiras (2) Femina Antiqua (10,14) “Lux Feminae”
(2) Meirav Ben David-Harel/ Yaïr Harel/Nima Ben David/ Michèle Claude (Israel) - (1) Yedidi …(7,11) “Yedid Nefesh: Amant de mon ame”
(T.T. 17.25 )

2006/06/12

Tinariwen (Mali) / Le Poème Harmonique (França)

“Surgido em Kingston, nos finais dos anos 60 para designar um estilo de música específico, o Reggae rapidamente se generalizou para designar as sucessivas correntes da música jamaicana. Três décadas depois, as ondas frescas da Jamaica continuam a revelar-se imprescindíveis no panorama musical do planeta. São os sons que abrem hoje as portas do Templo das Heresias”.

(1) Augustus Pablo (9) East of the river Nile (2,44) "East of the river Nile”
(2) The Paragons (2) Only a smile (2,55) “Duke Reid: Ba Ba Boom”
(3) Don Drummond and Roland Alphonso II (16) Roll on...(3,28) “Respect to Studio One”
(4) The Soul Vendors (4) Ringo Rock (3,07) “Studio One Scorcher”
(5) Skatalites (4) Ska Fort Rock (4,09) ”From Paris with Love”
(T.T.16,23)


Separador

Os Tinariwen são um grupo de Tuaregues, berberes nómadas do Sahara, mais propriamente da fronteira entre o Mali, o Níger e a Líbia. Provenientes da região de Kidal, a leste do Mali, os Tinariwen, liderados pelo músico Ibrahim Ag Alhabib, constituíram-se em 1979 num campo de treino militar, entre as populações refugiadas. As suas primeiras composições funcionaram como propaganda política dos rebeldes, e só em 2001 os Tinariwen ganharam identidade artística com a edição de “The Radio Tisdas Sessions”. Em 2004 os Tinariwen surpreenderam o mundo com a edição de Amassakoul (Emma Produtions/ Triban Union), um registo que mistura com sabedoria as sonoridades tradicionais tuaregues, mandingas, gnawas e árabes com os legados de gente como Chuck Berry, John Lee Hooker, Jimi Hendrix e Mick Jones. A música norte africana das regiões próximas do Sahara surge-nos injectada com blues, psicadelismo e acidrock em doses suficientes para que as guitarras e as fabulosas vozes masculinas e femininas que cantam manifestos políticos pareçam saídas de um outro planeta.
Depois de uma breve passagem por Portugal (Porto, Lisboa e Torres Novas) em Maio, eis que finalmente “The Radio Tisdas Sessions” e “Amassakoul” são alvo de distribuição nacional, razão mais do que suficiente para voltarmos a destacar a sensação do momento nas esferas da World Music.

Amassakoul (2) 3,50 / (3) 5,36 / (1) 3,22
The Radio Tisdas Sessions (8) 5,45

Separador

“Um poema de amor divino do mestre persa Rumi com novas roupagens, uma canção tradicional da Lapónia no contexto da música de dança e uma fusão do tango argentino com a electrónica. São os sons que encerram da 1ª parte do Templo das Heresias”

(1) Sussan Deyhim (7) Gereyley (6,46) “Shy Angels”
(2) Mari Boine (4) Álddagasat ( ) (5,41) “Remixed: Odda Hamis”
(3) Gotan Project (1) Amor Porteño (5,00) ”Lunático”


2ª Hora

“Um tema do livro vermelho de Montserrat, da Catalunha (séc.XIV), um texto da abadessa Hildegard Von Bingen (séc. XII) e um cantiga de Walter von Vogelweider entoado pelas Cruzadas (séc. XIII)”.

(1) Ars Antiqua (9) 8,25 “Llibre Vermell de Montserrat”
(2) Ensemble für frühe musik Augsburg (10) 4,24 “The Ancient Mïracles”
(3) Estampie (11) 4,41 “Crusaders: In nomine domini”
(T.T.17,30)



Separador

Sob a direcção de Vincent Dumestre, o grupo Le Poème Harmonique, exímio intérprete do repertório do maneirismo e do primeiro barroco, tem demonstrado uma finura e sensibilidade musical que, com toda a justeza, tem contribuído para a sua consagração internacional no panorama da música antiga. Por diversas ocasiões passámos aqui interpretações do grupo Le Poéme Harmonique, divulgando compositores de renome do séc. XVI (o romano Emílio de Cavalieri e o francês Piérre Guédron), XVII (os italianos Bellerofonte Castaldi e Domenico Belli e o francês Estienne Moulinié), XVIII (o napolitano Battista Pergolesi), bem como romances da França da Idade Moderna.
Em 2001, o agrupamento de Dumestre editara “Aux Marches du Palais: Romances & Complaintes de la France d’autrefois”, dos séc. XV ao XIX, registo que é reeditado em 2006 para dar a conhecer o catálogo da Alpha, razão por que voltamos a destacar o registo.
A arrebatadora combinação do misticismo e teatralidade, a sensibilidade estilística e a entrega emocional características dos Le Poéme Harmonique estão bem patentes em “Aux Marches du Palais”. As melodias esculpem-se escrupulosamente sobre as inflexões do texto, a riqueza harmónica é acentuada em prol da tensão dramática e a ornamentação é servida pelo bom gosto e pela invenção.

(3) La Pernette (séc. XV) (5,55)
(7) La fille au roi Louis (séc. XVII) (6,46)
(11) Le roi a fait battre tambour (séc. XVIII) (6,02)
(T.T.18,43)

Separador

“Uma versão portuguesa de um romance sefardita baseado num poema épico alemão do séc. XII e um canto de uma Trovadora anónima do séc. XIII.”.

(1) Eduardo Ramos / Moçarabe (4) Una tarde de Verano (7,33) “Moçarabe”
(2) Música Antiga da UFF (10) Belle Doette (11,35) “A Chantar: Trovadoras Medievais”
(T.T. 19,08)

2006/05/02

Toumani Diabate’s Symmetric Orchestra (Mali) / Montserrat Figueras (Espanha)

“De Marrocos chega-nos o exotismo do deserto impregnado de sonoridades ocidentais, da Tunísia uma oração ao profeta, do Egipto uma história de amor não correspondido e da Argélia uma narrativa sobre a traição dos amigos. São os sons que abrem hoje as portas do Templo das Heresias”.

(1) Natacha Atlas - (9) La lil Khowf (5,30) “Mishmaoul”
(2) Jerrari - (1) Sidi Mansour (5,56) “Tunisie:Chants & Rhytms”
(3) Hanan - (4) Matajarahnish (4,02) “Sif Safaa: New Music from the Middle East”
(4) Hasna el Becharia - (6) Hakmet lakdar (5,47) ”Djazair Johara”
(T.T.21,15)

(Separador)

“The Symmetric Orchestra, banda constituída por 52 músicos e cantores (incluindo convidados), é uma verdadeira instituição do Mali, idealizada por Toumani Diabate, o maior tocador de kora (espécie de harpa de 21 cordas) do planeta.
Criada para misturar o lado autêntico e positivo da música tradicional do Mali com as novas sonoridades, The Symmetric Orchestra utiliza, sem qualquer pudor, a kora, o ngoni, o balafon, o sabar, o djembé ou o dundun ao lado de guitarras eléctricas, baixos, trompetes, trombones ou percussões ocidentais. Interpreta a música griot (o legado do império mandinga) e composições modernas.
Desde sempre sediada em Bamako, The Symmetric Orchestra actuou apenas no continente africano, até à realização do álbum “Boulevard de l’Independance” (World Circuit/Megamúsica). Depois disso, passou por Aveiro, realizando um concerto memorável, mesmo sem contar com o líder, Toumani Diabaté, impossibilitado por doença. Agora disponível, “Boulevard de l’Independance” revela-se-nos como um trabalho orquestral, dominado pela kora, que se espraia livremente numa sequência riquíssima de nove composições de tradicionais revisitados e temas originais, onde se descortinam pitadas de jazz, de funk, de pop e de rock..

(7) 6,43
(2) 3,53
(4) 7,54
(T.T. 18,3 0)

(Separador)

“Um tema instrumental nostálgico da Guiné Conácri e uma peça do Senegal inspirada nas Antilhas. São os sons que encerram a 1ª parte do Templo das Heresias”.

(1) Orchestre de la Paillotte - II (12) Kadia Blues (4,43) “Golden Afrique, vol.I”
(2) Orchestra Baobab - (8) Utru Horas (8,38) “Pirates Choice”
(T.T. 13,21)




2ª Hora

“Promiscuidades e cumplicidades entre o tango e outras formas de expressão abem a 2ª hora do Templo das Heresias”.

(1) Compostela (8) A fallen bird (2,52) “Wadachi”
(2) Boris Kovac & La Campanella (2) Latina (4,08) “World After Histoty”
(3) Gotan Project (10) Vuelvo Al Sur (7, 00) “La Revancha del Tango”
(4) Max Nagl Quartet (1) Lump (4,10) “Mèlange à Trois”


(Separador)

“Lux Feminae” (900-1600) da catalã Montserrat Figueras, é uma homenagem à luz da mulher, uma evocação da feminilidade, uma história com música sobre o valor da mulher. É também um instante de intimidade, a descrição de um delicado recinto intramuros que deve proteger-se, um jardim interior em cujo centro encontramos a alma, a luz e a beleza. As diversas tradições cristã, judaica e muçulmana sentiram necessidade de expressar essa intimidade a partir de uma mesma simbologia: o jardim interior, o claustro, as celas como espaços de quietude, conhecimento e meditação.
“Luz Feminae” é um disco de celebração. Canta a situação da mulher na história a partir dos seus aspectos de luz: o misticismo, a sensualidade, a maternidade, o amor, o lamento, a festividade e a sabedoria. As mulheres cantam a história da humanidade, celebram a beleza, o amor místico, a experiência de dar à luz e de ser mãe, a alegria mesmo em situação de perda e de dor…
O disco “Luz Feminae” está organizado em sete aspectos da mulher da antiga Hispânia, desde a Idade Média ao Renascimento: Femina Antiqua sobre a sibila da Grécia Clássica, arquétipo da profetisa e da sacerdotisa; Femina Nova sobre as Trobairitz, poetisas que emergiram na Occitania, cerca de 1200; Femina Lúdica sobre os villancicos como forma de expressão da voz feminina que explora o tema amor; Femina Mística sobre a vida monástica das monjas cistercienses; Femina Amans sobre a mulher que invoca as formas de um amor cortês refinado e puríssimo; Femina Mater sobre vilancicos à Virgem Mãe e canções de embalar; Femina Gemens uma forma de poesia épica cantada nos tempos de Carlos Magno, inspirada no “planctus” medieval.

(2) 10,14
(9) 5,23
(14) 5,22
(T.T. 20,59)

(Separador)

“Canções medievais da Suécia e da Noruega, à luz das novas tecnologias”

(1) Lena Willemark/ Ale Möller (3) Gullharpan (6,33) “Nordam”
(2) Agnes Buen Garnas Garbarek (3) Marghjt… (16,08) “Rosensfole”

2006/04/03

Frank London’s Klezmer Brass Allstars (EUA/Israel) / Diabolus in Musica (França)

“Felizes casamentos entre sonoridades tradicionais e outras formas de expressão contemporâneas: os norte americanos Bob Brorman, Bill Laswell e Roswell Rudd com o guineense Djeli Moussa Diawara, os etíopes Abyssinia Infinite e o maliano Toumani Diabaté. São os sons que abrem hoje as portas do Templo das Heresias”.

(1) Djeli Moussa Diawara & Bob Brozman (3) Almany (5,02) “Ocean Blues: From Africa do Hawai”
(2) Abyssinia Infinite (10) Ethiopia (6,15) “Zion Roots”
(3) Roswell Rudd’s Toumani Diabaté (1) Bamako (6,29) “Malicool”
(T.T.18,26)

(Separador)

“O idioma judaico, um klezmer (no plural “Klezmorim”) era sempre o oposto de um verdadeiro músico; era apenas alguém que não sabia ler notas e que tocava unicamente de ouvido, num estilo muito popular e, muitas vezes, rústico. Estes músicos judeus, cujo nome deriva dos dois termos bíblicos hebraicos “klej” (instrumento, recipiente) e “zemer” (cantar, tocar música), eram contudo imprescindíveis para acompanhar o evento mais importante da vida judaica: O casamento (em yiddish: “khasene”)
As origens deste estilo específico tocado nos bairros judeus da Europa de leste perderam-se nos tempos. Deveria nessa altura ser uma música particularmente rude e selvagem, a crer num comentário de um convidado de um casamento judaico realizado em 1802 em Podolia (hoje Ucrânia), que referiu que “cada som desta música penetra nos ouvidos como uma flecha”. Estes casamentos representavam um aglomerado de rituais camponeses das populações da Europa de leste e de elementos judaicos próprios. Eram cerimónias complicadas que exigiam uma música solene, à altura da ocasião mas que devia ao mesmo tempo ser adaptada às danças alegres que concluíam os eventos. A música era sobretudo instrumental e, segundo o judeu ucraniano Mosha Beregovskij, um musicólogo dos anos 30, ordenava e dirigia toda a cerimónia.
Apesar das origens seculares, a história da música Klezmer é inconcebível sem a influência da música das sinagogas e dos cantos hassídicos, sobretudo os cantos sem sílabas (“nigun”, no plural “nigunim”) que actualmente são cantados ainda como meditação religiosa pelos discípulos dos movimentos místicos.
”Shpil, Klezmer, biz di strunes plotsn dis” (“Toca, Klezmer, até que as cordas te saltem dos dedos”) – Esta velha expressão yiddish, lembra-nos que, durante séculos, o violino foi o instrumento predominante na música judaica, por vezes acompanhado pelo saltério (Tsimbl) e pelo violoncelo ou pelo baixo. Foi apenas no séc. XIX que outros instrumentos se lhes juntaram como o clarinete, o saxofone ou o trompete, que ganharam importância ma música klezmer graças ao facto dos músicos tocarem em bandas militares czaristas; hoje são instrumentos considerados imprescindíveis pelos músicos klezmorim.
Frank London, conhecido músico klezmer, reuniu mais de 40 músicos de 8 países e 4 continentes para a sua última conspiração judaica: “Carnival Conspiracy” (2005 Piranha). Um multifacetado cocktail que abarca desde o Pop hassídico a canções brasileiras, mexicanos e yiddish sobre o amor e a angústia.
Frank London’s Klezmer Brass Allstars no seu melhor.


(6) 5,54
(9) 5,15
(12) 7,11
(T.T. 18,20)

(separador)

“Um tema do Alto Egipto que evoca tempos passados e um poema litúrgico judaico do Noroeste africano. São os sons que encerram a 1ª parte do Templo das Heresias”

(1) Ganoub (12) Eshado (8,00) “… en arabe vent dire Sud”
(2) Alain Chekroun & Taoufik Bestandji (3) Rahamekha (1,21 – 9,12) (7,51) “Chants des Synagogues du Maghreb”

“Um canto sefardita de Esmirna, um tema alemão do séc. XVIII e uma peça da Inglaterra do séc. XIII”.

(1) Les Fin’Amoureuses (17) Yo era ninya (5,03) “Marions Les Roses: Chansons & psaumes de La France à l’Empire Ottoman”
(2) Ricercar Consort/ Carlos Mena (8) Vater unser … (7,06) “De Aeternitate”
(3) La Reverdie (20) Lux (3,25) “Nox-Lux: France & Angleterre, 1200-1300”


(Separador)

“Heloisa escreveu que Abelardo compôs, aquando da sua relação amorosa, canções que o mundo inteiro cantou. A ser verdade, significa que Pierre Abelardo (1079-1142), contemporâneo de Guillaume IX da Aquitânia (1071-1126), de Hildegard von Bingen (1098-1179) e de Bernard de Clairvaux (1090-1153), teria sido o primeiro dos trovadores, quase um século antes de Guiot de Provins, Blondel de Nesles e Gace Brûlé. Infelizmente, as canções de amor de Abelardo desapareceram e hoje nem sequer sabemos se foram escritas em latim ou em francês. Os primeiros trovadores apareceram, então, numa época em que o amor cortês estava já em declínio. Cantando na língua d’Oc, nos diversos dialectos do Norte de França (em Picard, Champenois ou Wallon), inspiraram-se nos temas da “Fin Amor” nas suas principais formas (a canção, o serventois, o jeu – parti e a serenata) e desenvolveram outros temas como a pastoral e a canção de cruzada, inventando ainda a canção de mesa, a canção da mal-casada e a canção sagrada. Poetas cortesãos, evoluindo numa sociedade urbana e em plena expansão, os trovadores aburguesaram-se rapidamente, escrevendo para um público de ricos mercadores, e reagruparam-se em confrarias, em centros importantes como Arras.
“O grupo “Diabolus in Musica”, dirigido por Antoine Guerber, explora o fascinante repertório dos Trovadores e editou em 2005 para a Alpha o registo “La Doce Acordance: Chansons de Trouvères”,, com temas de Adam de Givenci, Châtelain de Coucy, Chrétien de Troyes, Conon de Béthune, Gautier d’Epinal, Gontier de Soignies, Guillaume le Vinier, Richard de Fournival, Thibaud de Champagne e Thomas Hérier, para além de três temas de trovadores anónimos, todos dos séc. XII e XIII”.


(2) 4,14
(12) 4,23
(9) 3,49
(14) 6,06
T.T. 18,32

(Separador)

“Duas versões da extraordinária Cantiga de Amigo “Ondas do mar de Vigo” de Martim Codax, encerram hoje o Templo das Heresias.

(1) Fin’Amor (4) Ondas do mar de Vigo (13,06) “Martin Codax: Cantigas de Amigo”
(2) Supramúsica (1) Ondas do mar de Vigo (10,31) “Martin Codax: Cantigas de Amigo”