2007/08/29

Tinariwen (Mali) / Duo Trobairitz (Inglaterra)

“Uma história palaciana sobre um rico Râjput da casta sodha do Rajastão e um tema de Qawwali do Paquistão de homenagem ao “enorme” Nusrat Fateh Ali Khan. Com estes sons vamos hoje abrir o Templo das Heresias”.

1. Chota Divana I (9) Khivaro (7.47) “ Chants de Palais et de Déserts”
2. Mehr & Sher Ali II (1) Shaama… (14.30) “ Hommage à Nusrat Fateh Ali Khan”

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Provenientes da região de Kidal, a nordeste do Mali, os Tinariwen são um grupo de Tuaregues, berberes nómadas do Sahara, liderados pelo músico Ibrahim Ag Alhabib. No início eram três exilados entre as populações refugiadas em fuga do regime opressivo do Mali. Acolhidos num campo de treino militar de Kadafi, os Tinariwen aprenderam a lidar com armas, mas também com guitarras eléctricas, constituindo-se como grupo em 1979. As suas primeiras composições funcionaram como propaganda política dos rebeldes, e só em 2001 os Tinariwen ganharam identidade artística com a edição de “The Radio Tisdas Sessions”. Em 2004 os Tinariwen surpreenderam o mundo com a edição de “Amassakoul” (Emma Produtions/ Triban Union), um registo que mistura com sabedoria as sonoridades tradicionais tuaregues, mandingas, gnawas e árabes com os legados de gente como Chuck Berry, John Lee Hooker, Jimi Hendrix e Mick Jones. Em 2007, editam “Aman Iman: Water is Life”, para a Ponderosa e, uma vez mais, a música norte africana das regiões próximas do Sahara surge-nos injectada com blues, psicadelismo e acidrock em doses suficientes para que as guitarras e as fabulosas vozes masculinas e femininas que cantam manifestos políticos pareçam saídas de um outro planeta.
Depois de encantar em várias cidades portuguesas (Porto, Lisboa, Torres Novas e Loulé) e de “The Radio Tisdas Sessions” e “Amassakoul” se terem tornado conhecidos e apetecíveis, eis que finalmente “Aman Iman” é alvo de distribuição nacional, através da Megamúsica, razão mais do que suficiente para os voltarmos a destacar.

(1) Cler Achel (4.25)
(3) Matadjem Yinmixan (5.43)
(2) Mano Dayak (5.41)
(7) Imidiwan Winakalin (4.25)

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“Um toque de soul e de blues existentes na música das regiões desérticas da Etiópia, um hino argelino à vida e à beleza da natureza e uma canção de amor característica da música árabo-andalusa. São os sons que encerram a 1ª parte do Templo das Heresias”.

1. Aster Aweke (6) Y’shebellu (7,25) “Aster”
2. Reinette L’Oranaise (1) Qum Tara (3,20 ) “Mémories”
3. Rosa Zaragoza (5) Btahi en modo sike (6,40) “Canciones de Judios, Cristianos y Musulmanes”


2.ª Hora:

“Temas do famoso Llibre Vermell de Montserrat, do séc. XIV, na abertura da 2.ª parte do Templo”

1. Ensemble Anonymus (Canadá) (9) Cuncti simus concamentes (5,27) “Llibre Vermell”
2. Ars Antiqua/Schola Cantorum de México (México) (2) Stella Splendens (9,02) “Llibre Vermell de Montserrat”
3. Theatrum Instrumentorum (Itália) (2) Los set goyts (4,55) “Llibre Vermell”

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A dor do amor não correspondido, os prazeres da Primavera e o serviço cavalheiresco de um vassalo a uma dama são alguns dos temas das canções do disco “The Language of Love”, que nos faz entrar em contacto com diferentes aspectos do amor, tal como era abordado pela música e pela poesia dos trovadores medievais. Ao material literário existente nessa época é dada a designação de “canção do amor cortês”, embora agrupe diferentes géneros de canções. No Séc. XIII o tratado “Doctrina de compondre dictats” (Teoria da composição de poemas), atribuído a Jofre de Foixà, descreve pela primeira vez os diferentes tipos de poesia trovadoresca, entre outros, a canso, a alba, a dansa e o planh; por outro lado, menciona também as melodias dos poemas, a estrutura, a função e o modo de execução das canções.
Celebrando uma forma ideal de amor ou de paixão sexual, o conceito de amor cortês nasceu no séc. XII no Sul de França. Evoluiu depois para um código de conduta sofisticada e aristocrática, em que as mulheres eram apresentadas como objectos de adoração que se sobrepunham aos seus amantes. As regras tradicionais inverteram-se: a dama tornava-se no mestre e o senhor no humilde servidor. Na poesia dos trovadores o termo midons (“meu senhor”) era frequentemente usado para descrever a bem amada dama sempre desejosa de dominar o seu amante.
Os trovadores surgiram no Séc. XII e eram provenientes das cortes da Aquitânia, Poitou e Auvergne. Longe de serem entertainers ambulantes ou ministreis, eles eram de formação nobre e bem-educados; poetas hábeis, músicos e cantores, compunham poemas em língua d’Oc, também chamada occitana ou provençal. São estes trovadores medievais e é a temática do amor cortês que o Duo Trobairitz aborda em “The Language of Love” (Hyperion, 2007). Compõem o Duo, Faye Newton (soprano) e Hazel Brooks (vielle), que se conheceram na Guildhall School of Music and Drama, em Londres, onde começaram a partilhar a paixão pela música e poesia medievais. Subsequentemente trabalharam juntas no ensemble Concanentes e, em 2000, formaram o Duo Trobairitz, que aqui destacamos, para explorar o repertório cortês dos Trovadores.


(3) Lo rossinholet salvatge (Gaucelm Faidit) (9,50)
(10) Bele Doette (Anonymous) (9,04)

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“Uma cantiga de amor, uma contrafacta, um romance sefardita e um tema da lenda de Tristão e Isolda. A música da época medieval no encerramento do Templo das Heresias”.

1. Anne Azéma (11) Caroles on “la verte olive” (7,43) “Le jeu d’Amour”
2. Supramúsica (7) Foi’o meu amigo (5,14) “Martin Codax: Cantigas de amigo”
3. Ensemble Wayal (1) Kuando el rey Nimrod (4,18) “Cantigas et Romances”
4. Joel Cohen (23) (3,31) “Tristan & Iseult”