2007/12/24

Faiz Ali Faiz/Duquende/Poveda (Paquistão/Espanha) / Ensemble Syntagma (Rússia/França)

“Uma homenagem ao maior tocador de kora (a harpa ocidental africana) de todos os tempos, uma canção sobre a aventura interpretada no dialecto bambara e uma história cantada por um griot e tocada no n’goni (pequeno alaúde de quatro cordas). São as heresias, provenientes do Mali, que abrem hoje as portas do Templo.”

1. Vieux Farka Touré - (10) Diabaté (9,17) “Vieux Farka Touré”
2. Taj Mahal / Toumani Diabaté - (2) Tunkaranke (6,30) “Kulanjan”
3. Filifin – (6) Wati (6,47) “Siran”

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“Existem imensas similaridades entre o Flamenco e o Qawwali, notórias, sobretudo, nas suas vocalizações viscerais, catárticas, a meio caminho entre a dor e o êxtase. Se bem que distintas sob o ponto de vista musical, é certo, no entanto, que ambas as expressões cumprem funções espirituais. O flamenco é uma música nitidamente profana, que se centra no quotidiano, ao passo que os qawwals são cantores e músicos muçulmanos, geralmente nómadas, que celebram o amor místico.
A relação estreita entre o flamenco e a arte do subcontinente indiano já se havia manifestado, por exemplo, em ‘Yerbagüena’ de Pepe Habichuela & The Bollywood Strings, lançado em 2001. Mais tarde, em 2006, pela mão da etiqueta Accords Croisés, surge o fabuloso projecto “Qawwali Flamenco”, uma edição especial luxuosa, que inclui um livro de quarenta páginas ilustradas, dois CDs e um DVD. Trata-se do encontro entre o Ensemble de Qawwali Faiz Ali Faiz, do Paquistão, e um quarteto espanhol, constituído por Duquende, Miguel Poveda, Chicuelo e Vigueras. Ao longo de onze longos e fascinantes temas, desfilam sons exclusivamente de flamenco, em que a guitarra de Chicuelo acompanha Duquende ou Poveda, que cantam tangos, malagueñas, granaínas ou soleá, existem canções exclusivamente de 'qawwali', em que a voz de Faiz Ali Faiz se faz acompanhar por coros, tabla e harmonium e surgem faixas onde o flamenco e o 'qawwali' interagem ao encontro do divino.
A intensidade de “Qawwali-Flamenco”, a sua complexidade, os seus sentimentos, as suas emoções e o seu valor musical podem ser ouvidos ao longo de quase duas horas, mas também vistos num DVD com aproximadamente uma hora, que regista o concerto no Festival de Fez (Marrocos), em Junho de 2005, sob os arcos do antigo palácio de Bab Makina.

CD 1 (1) Allah hu (13,29)
CD 2 (3) Tango al mar (9,56)

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“Felizes casamentos entre sonoridades tradicionais e outras formas de expressão contemporâneas: os norte americanos Bob Brorman, Bill Laswell e Roswell Rudd com o guineense Djeli Moussa Diawara, os etíopes Abyssinia Infinite e o maliano Toumani Diabaté. São os sons que encerram a primeira parte do Templo das Heresias”.

(1) Djeli Moussa Diawara & Bob Brozman (3) Almany (5,02) “Ocean Blues: From Africa to Hawai”
(2) Abyssinia Infinite (10) Ethiopia (6,15) “Zion Roots”
(3) Roswell Rudd’s Toumani Diabaté (1) Bamako (6,29) “Malicool”


2ª Hora

“Um poema trovadoresco do séc. XII (Beatriz de Dia) e uma cantiga de Santa Maria, de Afonso X, o sábio, do séc. XIII” na abertura da segunda parte do Templo das Heresias”.

1. Studio der Frühen Musik I (8) 11,46 “Troubadours”
2. Grupo Sema (I) (8) 7,53 “Las Cantigas de Afonso el Sábio”


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Os dicionários e enciclopédias referem-se, muitas vezes, a Gautier d’Épinal em artigos relacionados com a música de Lorraine. Vários escritores referem-se a uma personagem obscura da Idade Média, a quem são atribuídas de quinze a trinta canções.
A identificação deste trovador evoluiu consideravelmente a partir dos finais do século XIX. As recolhas de Marquis de Pange identificaram-no como o cavaleiro Gautier V d’Épinal, que nasceu entre 1205 e 1230 e morreu em 1272 e que pertenceu a uma notável família, governante da cidade de Épinal, desde o século XI.
Contudo, Robert Lug atribuiu a Gautier d’Épinal uma identificação completamente diferente, na sua publicação “Der Chansonnier de Saint-Germain-des-Prés. Das älteste volkssprachige Liederbuch Europas. Melodien, Notation, Entstehung, politisches Umfeld” (vol. 1-4, Peter Lang, 2007). De acordo com o Dr. Lug, Gautier d’Épinal era um clérigo, sobrinho do bispo de Metz, que morreu em 1232.
Independentemente de ter sido um senhor nobre de Ruppes ou um clérigo de Metz, o essencial de Gautier d’Épinal encontra-se na sua música. Verdadeiramente importante é que Gautier d'Epinal era uma figura notável na história da música e, indubitavelmente, o compositor mais brilhante e original da história de Lorraine. A criatividade melódica de Gautier ultrapassa largamente os clichés do seu tempo, deixando à melodia, transbordante de ornamentos, um curso livre. A energia das suas intonações criou uma expressividade impressionante. Gautier d'Epinal foi também um poeta-filósofo que ultrapassou as limitações da arte cortesã e antecedeu em cerca de meio século as inovações da Ars Nova (Trecento).
O Ensemble SYNTAGMA, especialista nos repertórios medieval, renascentista e barroco, fundado em 1995 por Alexandre Danilevski, compositor e músico de Saint-Petersbourg, depois do extraordinário "Trouvères en Lorraine", aborda a poesia e a música do trovador francês em “Gautier d'Epinal: Remembrance" (2007 Challenge Records Int.), sem margens para dúvidas, um dos registos do ano.


(02) Quand je voi l’erbe menue (4,45)
(11) Par son dolz comandemant (4,20)
(07) Aÿmansfinset verais (5,36)
(15) Quand je voi l’erbe menue (4,45)

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“Uma cantiga anónima do séc. XIII, uma cansó de Berenguer de Palol do séc. XII e uma canção trágica de Bernard de Ventadorn também do séc. XII. É com a poesia trovadoresca de Provença medieval que encerramos hoje o Templo das Heresias”.

3. Diabolus in Musica (14) Bele … (6,06) “La Doce Accordance: chansons de Trouvères”
4. Altramar (6) Dona …(8,00) “Iberian Garden, Vol.I”
5. Millenarium (3) Cen (5, 58) “Chansons de Troubadoures et Danses de Jongleurs”

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostaria imenso de ter ouvido este programa. Que selecção, rapazes! Continuem...