2008/12/09

Hadja Kouyaté (Guiné Conácri) / Ensemble Aromates (França)

“Uma canção lírica da Bósnia, um tema político da Córsega, uma história de amor da Bulgária e um canto de trabalho da Arménia. São os sons que abrem hoje as portas do Templo das Heresias”.

(1) Nada Mamula (1) Kad ja … (4,09) “Echoes from an endangered world”
(2) Gjacumina Micaeli (15) Maneta (4,18) “Tra Ochju e Mare”
(3) Ivo Papasov and His Orchestra (3) Istoria … (4,17) “Balkanology”
(4) The Shoghaken Ensemble (13) Khnotsu… (4,53) “Armenia Anthology”

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“Os “griots” são os trovadores da costa ocidental africana, os transmissores da palavra através dos tempos; com eles, os saberes e as crenças transitam de geração em geração, unindo o passado ao presente e sustentando uma unidade de representação, espiritual e divina.
Os “griots” ou “jalis” são hereditariamente músicos, diplomatas e conselheiros políticos e morais. Representam a memória colectiva dos Mandingas, são os “livreiros” de uma única e extensa tradição oral. São também os guardiões de um código moral que faz parte de cada aspecto da vida: do casamento à produção musical, da dança às disputas entre vizinhos, enfim de todo o quotidiano.
Entre outros registos de músicos “griots” de toda a África Ocidental, divulgámos aqui, em 2001, o primeiro álbum de Hadja Kouyaté, da Guiné Conácri, acompanhada por Ali Boulo Santo, do Senegal, editado pela Frikyiwa. Agora chega-nos o segundo registo de Hadja Kouyaté, agora acompanhada pelos “Guinéens”, intitulado “Yilimalo” (2003 Frikyiwa).

(9) Diarabi (5,02)
(8) Silani (4,50)
(5) Bintou (6,50)
(7) Mamassa (4,45)

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“Um canto hebraico de Israel, uma fusão da tradição com a modernidade produzida na Sardenha, um tema joikh característico da etnia Saami da Lapónia e uma canção da Karélia escandinava. São os sons que encerram a 1ª parte do Templo das Heresias”.

(1) Ora Sittner & Youval Micenmacher (19) Orkha… (3,58) “Lamidbar: Vers le Désert”
(2) Elena Ledda (6) In S’Ora (3,24) “Amargura”
(3) Mari Boine (1) Cuvges…. (3,58) “Goaskinviellja: Eagle Brother”
(4) Hedningarna (8) Viima (5,00) “Karelia Visa”


2ª Hora

“Os cantos dos trovadores medievais da Provença (França) na reabertura do Templo das Heresias”.

(1) Beatus/ Jean-Paul Rigaud (8) Non es meravelha (Bernard de Ventadour) (4,05) “Trobar: Chansons d’amour, de la vierge à la Dame”
(2) Ensemble Tre Fontane (2) L’ensenhaments e’l prètz e la valors (Arnaud de Mareuil) (4,07) “Le Chant des Troubadours, vol. 2”
(3) Paul Hillier (2) Reis Glorios (9,26) (Guiraut de Borneil) “Proensa”

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Os sete séculos da presença árabe em Espanha, de 711 a 1492, permitiram a emergência de uma civilização tolerante, em que três religiões monoteístas (a cristã, a judaica e a muçulmana) e povos de diversas origens vivessem em harmonia.
Na Andalusia desse tempo, as cidades de Córdova, Sevilha e Granada tornaram-se importantes centros culturais, artísticos e religiosos. O nome Andalusia é proveniente da designação árabe “Al-Andalus”, por sua vez originária da visigótica “Landahlauts”, que também derivou de outra palavra, “Vandalusia”, utilizada pelos Vândalos; designavam todas, uma vasta área que abarcava grande parte da Península Ibérica.
A música andalusa é o resultado da fusão das composições trazidas para a Península por músicos do Médio Oriente, do Norte de África importada pelos Berberes e pela música nativa ibérica. A junção das influências mediterrânicas orientais e ocidentais deu origem a uma música que floresceu na Espanha muçulmana, a designada Música Arabo-Andalusa.
Uma das mais importantes figuras da música “Arabo-Andalusa” foi Ziryâb, um antigo escravo do Séc. IX, que se tornou um grande poeta, músico e cantor. Proveniente de Bagdad, Ziryâb chegou a Córdova em 822 e aí introduziu várias modas desconhecidas na Andaluzia, acrescentou uma quinta corda ao alaúde, inventou o plectrum, compôs cerca de dez mil canções e desenvolveu um novo método de ensinar o canto.
Michèle Claude, a líder do Ensemble Aromates, revisitou o repertório de Ziryâb e dos seus sucessores, dando-nos a conhecer no álbum “Jardin de Myrtes: Mélodies andalouses du Moyen-Orient” (2005 Alpha) um oriente barroco e um ocidente oriental, realidades que não podem ser menosprezadas, se quisermos salvar e perpetuar o imenso património humano e cultural que recebemos do passado.
Dois anos depois, Michèle Claude e os Aromates regressam com “Rayon de Lune” (2007 Alpha), um registo que se debruça sobre a música dos Omíadas (711-714). Depois de derrotarem o rei visigodo Rodrigo, os Omíadas desenvolveram na Península Ibérica uma próspera civilização, dominada por matemáticos, astrólogos médicos, filósofos músicos, poetas, arquitectos... Só em Córdova, na biblioteca do Califa dos Omíadas, al-Hakam II (961-976) existiam mais de 400 000 obras, que nos possibilitaram o acesso a um legado riquíssimo. Combinando o idioma musical do Al Andalous com os timbres do organeto, do saltério do cravo e de uma rica selecção de instrumentos de percussão, mais uma vez, os Aromates surpreendem.


“Jardin de Myrtes” (1) Ouverture Nawa Athar (7,03)
“Rayon de Lune” (4) Vent de Grenade (3’59)
(5) Alcool (4’06)
(1) Rayon de Lune (3’12)
(18) Je ne peux aimer que toi (4’07)

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“Uma missa produzida por Sungji Hong e um salmo hebraico. São os sons que encerram o Templo das Heresias”.

(1) Trio Mediaeval - (11) Sanctus (4,06) “Stella Maris”
(2) Steve Reich (2) Parts III & IV (12,27) “Tehillim”

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