2008/11/15

Victor Démé (Burkina Faso) / Ricercar (Bélgica)

1ª Hora

“Um canto griot dos trovadores mandingas, um tema sobre um bravo guerreiro do Império Bamana, uma canção sobre a importância do carisma e uma homenagem a um dos maiores tocadores de kora. É com a música do Mali que abrimos hoje as portas do Templo das Heresias”.

(1) Bako Dagnon (6) Bounteni (4:55) “Titati”
(2) Bassekou Kouyate & Ngoni Ba (5) Mbowdi (5:20) “Segu Blue”
(3) Rokia Traoré (5) Kounandi (5:23) “Tchamantché”
(4) Toumani Diabaté (5) Ismael Drame (5:45) “The Mandé Variations”

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O cantor mandinga Victor Démé, do Burkina Faso, editou este ano (2008) o seu primeiro álbum, após 30 anos de carreira. Démé herdou a música da parte da mãe, uma artista griot muito solicitada para grandes casamentos e baptizados, nos anos 60, em Bobo-Dioulasso. Da parte do pai, Démé recebeu outra herança que foi sendo transmitida de geração em geração na família Démé, a costura, praticada pelos seus tios e tias, bem como pelos seus antepassados, uma linha de costureiros da etnia Marka, dos mandingas da África Ocidental.
Foi na oficina de costura do pai, em Abidjan (Costa do Marfim), que o jovem Démé se refugiou, quando era adolescente. De dia, Victor Démé trabalhava no atelier e à noite começou a frequentar os clubes da capital e a cantar em alguns pequenos grupos. À medida que foi crescendo, Démé granjeou uma reputação nos clubes da Costa do Marfim, nomeadamente no seio da famosa orquestra Super Mandé, liderada pela estrela Abdoulaye Diabaté.
Em 1988 Victor Démé regressou ao Burkina Faso, quando o país beneficiava do ímpeto do revolucionário vermelho Thomas Sankara, que, antes de ser assassinado, trabalhou para a valorização da criação artística. Démé tinha, então, 26 anos e a sua paixão musical atingia o auge. Ganha vários prémios musicais (Concurso do Centro Cultural francês, em 1989 e o primeiro prémio da Semana Nacional da Cultura, em 1990, entre outros) e é recrutado pelas grandes orquestras, inclusivamente pela l’Echo de l’Africa e, sobretudo, pela Suprême Comenba, que dominava as noites em Ouagadougou.
Quando Victor Démé se tornava um cantor popular no Burkina Faso, graves partidas do destino o obrigaram a afastar-se do mundo da música, por vários anos. Quando regressou, após tanto tempo, Démé, para ganhar a vida, muitas vezes teve que cumprir as exigências dos donos dos clubes e ser obrigado a interpretar clássicos de Salif Keita ou de Mory Kanté. No entanto, paralelamente, Victor continua a compor as suas próprias composições.
Em 2005, Victor Démé beneficia da ligação a Camille Louvel, o gerente de Ouagajungle, um bar associativo de Ouagadougou, onde se organizavam inúmeros concertos. Em 2007, com a ajuda do jornalista David Commeillas e de activistas do Soundicate, fundam a Chapa Blues Records para promover a música de Victor. É, então, que o cantor começa a trabalhar no seu primeiro álbum, no pequeno estúdio que a equipa do Ouagajungle construiu em Ouagadougou. O estúdio da associação consiste simplesmente em duas divisões separadas por um pára-brisas de um camião, equipado com uma consola de 16 pistas, mas este é o ponto de partida para muitos artistas talentosos.
Finalmente, aos 46 anos de idade, Démé elabora um mosaico singular de melodias folk-blues, pequenos romances mandingas intimistas, com influências da salsa e do flamenco. Nos textos, em linguagem dioula, Démé apela à solidariedade nacional ("Peuple Burkinabé”), advoga à tolerância em relação ao próximo (“Djôn'maya") e presta homenagem a todas as mulheres do Burkina Faso ("Burkina Mousso” e “Sabu”). O disco encerra com dois temas da música tradicional mandinga (“Tama Ngnogon” e “Dala Môgôya”), dando a conhecer a extraordinária riqueza da música da África Ocidental.



(03) Toungan (3:27)
(02) Djôn'maya (4:04)
(09) Dankan (3:23)
(12) Djabila (6:16)

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“A Revolução cubana deu origem no plano musical a bloqueios aos intercâmbios com o exterior, gerando divergências e rivalidades. Apesar do isolamento a que foi votada, a pequena ilha não parou de progredir musicalmente. Está bem viva e recomenda-se.”

(1) Omara Portuondo (9) Veinte años (4,44) “Omara Portuondo”
(2) Ibrahim Ferrer (II) Fuiste cruel (4,27) “Buenos Hermanos”
(3) Rubén González (1) La Engañadora (2,32) “Introducing …”
(4) Buena Vista Social Club (1) Chan Chan (4,18) “Buena Vista Social Club”
(5) Orlando Cachaíto Lopez (3) Mis dos pequeñas (4,06) “Cachaito”


2ª Hora

“A música da Grécia Antiga abre hoje as portas da 2.ª hora do Templo das Heresias”.

(1) Christodoulos Halaris (3) Second Delphic hymn (6,14) “Music of Ancient Greece”
(2) Atrium Musicae de Madrid (3) 1er Hymne Delphique (4,50) “Musique de la Grèce Antique”
(3) Petros Tabouris (1) Athenaeus, Paian (3,58) ) “Fragments of Ancient Greek Music”
(4) Melpomen (14) Agallís (2,31) Musique de la Grèce Antique”
(5) Petros Tabouris (16) Fragment … (0,45) “Music f Greek Antiquity”
(6) Ensemble Kérylos (10) Seikilos …(0,26 – 2,43) (2,17) “Musiques de l’Antiquité Grecque”

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Em 1980, Jérôme Lejeune formou a Ricercar, uma editora belga que se afirmou, desde logo, como um dos pilares da redescoberta da música antiga e barroca. Muitos músicos aderiram, então, ao movimento. Entre outras memórias, a Ricercar teve o privilégio de acolher os dois ensembles vocais de Philippe Herreweghe, the Collegium Vocale e a Chapelle Royale, cujo primeiro registo foi dedicado à música de Palestrina.
À medida que o tempo foi passando, a Ricercar foi-se afirmando cada vez mais no domínio da música antiga, editando cerca de 250 gravações, muitas delas verdadeiras obras-primas da história da música. Explorando temas como a música barroca alemã, as obras para órgão de Bach e dos seus antecessores alemães, a música polifónica franco-flamenga, as fontes de inspiração de Monteverdi, a descoberta dos instrumentos antigos, a monodia secular medieval, entre outros, rapidamente a Ricercar se tornou numa etiqueta de referência.
O interesse dedicado ao vasto património musical da Bélgica e dos Países Baixos foi, também, um elemento importante na política editorial da Ricercar, promovendo um repertório de qualidade muito elevada. Compositores nascidos nessas zonas e cuja actividade foi proeminente no estrangeiro (Lassus, Du Mont, Grétry, Franck, só para citar os mais conhecidos) foram justamente recordados pela Ricercar.
A personalidade espantosa de Jérôme Lejeune (diplomado em musicologia pela Universidade de Liége, professor de História da Música no Conservatório Real de Liège e fundador e director artístico da Ricercar, há vinte e cinco anos) controla todas as produções da editora, tanto a nível científico, como artístico e técnico. Com La Fenice e Jean Tubéry, Millenarium, La Pastorella e Frédéric de Roos, the Namur Chamber Choir, Les Agrémens e Guy Van Waas, Continens Paradisi, Bernard Foccroulle, Sophie Karthäuser e muitos outros, a etiqueta do futuro é mais do que nunca servida por projectos discográficos emocionantes, muitos deles amplamente aclamados pela imprensa internacional.
Hoje vamos divulgar um dos projectos mais importantes da Ricercar, os Millenarium, grupo belga dirigido por Christophe Deslignes que se move nas áreas da música antiga religiosa, cortesã e popular do baixo Mediterrâneo. Temos disponíveis os seguintes álbuns: “Chansons de Troubadours et Danses de Jongleurs” (2001), uma homenagem aos trovadores Thibaut de Champagne, Bernard de Ventadorn, Gaucelm Faidit, Beranguier de Palol e anónimos, que celebram a alegria e o divertimento do amor cortês; “Douce Amie – Chansons de Trouvères” (2002), que explora o repertório dedicado às mulheres, pelos trovadores medievais; “Carmina Burana: Tempus Transit” (2004), que se debruça sobre o manuscrito da abadia de Beuren, com textos de várias origens e estilos, descoberto no século XIX; “Carmina Burana: Officium Lusorum” (2006), uma reconstrução de uma Missa dos Doidos, tal como teria sido interpretada nas grandes catedrais francesas, no século XIII, entre o Natal e o Ano Novo, contando com as colaborações contrastantes do Choeur de Chambre de Namur e dos Psallentes, que interpretam a Missa em canto Gregoriano; “Llibre Vermell” (2007), baseado no famoso manuscrito do século XIV, da Abadia de Montserrat (Catalunha), em que os Millenarium contam com a participação dos peregrinos (Choeur de Chambre de Namur), dos monges (Psallentes) e dos coristas da abadia (Les Pastoureaux); e “Danza Danses médiévales” (2008), que se debruça sobre as raras descrições da música instrumental medieval, composta antes da emergência da polifonia.



(08) La nova estampida real (4:41) “Chansons de Troubadours et Danses de Jongleurs”
(02) A que as cousas coitadas (3:02) “Danza Danses médiévales”
(01) Au renouvel du tens (1:58) “Douce Amie – Chansons de Trouvères”
(02) Cuncti simus concanentes (4:41) “Llibre Vermell” (2007)
(01) Estampida de Rocamadour (instrumental) (3:44) “Officium Lusorum”
(14) Caterine collaudamus (3:45) “Carmina Burana: Tempus Transit” (2004)

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”Abertura da segunda parte com as canções dos judeus sefarditas e ashkenaz, na época medieval.”

(1) The Renaissance Players Winsome Evans (7) Si la mar era de leche (6:40) “The Sephardic Experience, Vol. 4: Eggplants”
(2) Jalda Rebling (13) Küng Herre, Hochgelopter Got (4:37) “Juden im Mittelalter – Aus Sepharad und Ashkenas”
(3) Naguila (8) Déror Yiqra (5:41) “Hallel”
(4) Judith R. Cohen (2) Dror Yiqra (7:51) “Canciones de Sefarad”

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