2008/10/28

Theodora Baka (Grécia) / Ensemble Belladonna (Suécia/Canadá/Alemanha)

1ª Hora

“Um canto romani da Albânia sobre o desespero pela perda de uma filha, um tema sobre a felicidade dos ciganos viajantes da Macedónia e um blues da Roménia pleno de sensibilidade. São os sons que abrem hoje as portas do Templo das Heresias”.

(1) Rromano Dives (1) E Semesqiri Gili (5:42) “Chaj Zibede: Musique Rromani d’Albanie”
(2) Esma Redzepova & Ensemble Teodosievski (4) Dzelem, Dzelem (4:47) “Gypsy Queens”
(3) Dona Dumitru Siminica (10) Mosule Te-As Intreba (7:24) “Sounds from a Bygone Age, vol. 3”
(T.T. 17:53)

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As terras gregas foram, ao longo da história, um ponto de passagem e de fixação para os mais diversos povos e ainda hoje a sua cultura reveste um invulgar diálogo entre as tradições latinas e as tradições semitas do leste.
Naturalmente que a cultura tradicional reflecte todo este secular intercâmbio entre as mais diversas etnias, embora permaneçam formas expressivas especificas da alma grega.
Em primeiro lugar, importa ter bem presente que, mais do que em qualquer lugar, na Grécia é particularmente difícil estabelecer uma linha da diferenciação entre a música popular e tradicional e outras expressões não tradicionais (sacra, por exemplo…).
Com efeito, sempre se verificou uma inteira relação entre o popular e o erudito, sendo a chamada “skolia” (canção de convívio, funcionalmente usada durante os festins e banquetes), um exemplo bem significativo dessa “simbiose” expressiva.
Outros géneros de canções tradicionais, interpretadas durante as cerimónias de casamentos, eram as “odes” e os “hinos”, aquando da entrada dos recém-casados nos seus quartos nupciais. Por outro lado, durante os funerais, os “linos” e “lamentos” davam ênfase à dor: lamentos corais e respostas em monodias que davam depois lugar a danças rituais de celebração da vida.
Uma das formas mais expressivas da música tradicional grega é a “dimotiki” ou “laika”, preferida pelo compositor Mikis Theodorakis na elaboração de obras de denúncia e de luta contra o regime ditatorial grego.
Mas, de certo modo em oposição à “dimotiki” ou “laika”, surgiu, em finais do século XIX, nas zonas pobres de Atenas, a “rembetika”, uma espécie de fado ou blues característico dos marginais, desempregados e drogados (com haxixe).
A música tradicional grega das ilhas difere de zona para zona. Assim, a música das Ilhas Jónicas, a ocidente do Épiro, é bastante diferente, por exemplo, da de Creta. Do mesmo modo, a música instrumental de Rhodes é claramente diferente das relativamente próximas Ilhas Sporades. Entre os instrumentos característicos pode encontrar-se um tipo pequeno e antigo de gaita-de-foles, designada tamboura, assim como o violino, chamado lyra, que é o instrumento típico de Creta.
Na Grécia continental, o instrumento predominante é actualmente, o clarinete, designado de Klarino, que substitui quase por completo a gaita-de-foles, gaida, e um oboé místico designado karamouza ou pipiza.
Theodora Baka, natural de Larissa (Grécia) desde criança que se foi familiarizando com as canções tradicionais da sua terra natal. Em 2007, no auge das suas capacidades vocais, editou para a etiqueta alemã Raumklang, o extraordinário registo “Myrtate: Traditional Songs from Greece”.
Fazendo-se acompanhar por uma formação pouco usual, constituída pelo oud (Thymios Atzakas), lyra (Pantelis Pavlidis) e zarb (Bijan Chemirani), Theodora Baka celebra, sobretudo, as lendas e os mitos ancestrais helénicos, mas debruça-se, também, sobre outras canções tradicionais gregas, como lamentos pela perda da liberdade por uma jovem noiva ou singelas canções de amor.

(11) Sto pa kai sto xanaleo (4:03)
(06) Mia Paraskevi (3:19)
(01) San to feggari tis anixis (6:09)
(02) Lemonia (The Lemon Tree) (5:53)
(T.T. 19:24)

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“Um tema que recria a atmosfera nocturna do grande bazar de Istanbul e um Ghazal de Rumi, o supremo poeta lírico persa do século XIII. São os sons que encerram da 1ª parte do Templo das Heresias”.

(1) Istanbul Oriental Ensemble (6) Gece Yarisinda Pazar (8:16) “Grand Bazaar”
(2) Parissa & Ensemble Dastan I (3) Daramad, Saz-o Avaz (8:02) “Gol–E Behesht”
(T.T. 16:18)

2ª Hora

“Três temas do famoso Llibre Vermell da abadia de Montserrat (Catalunha - séc. XIV) abrem as portas da 2.ª hora do Templo das Heresias”.

(1) Sarband (Bulgária) (13) Cuncti simus concanentes (5:49) “Llibre Vermell”
(2) Micrologus (Itália) (5) Los set gotxs (6:49) “Llibre Vermell de Montserrat”
(3) Capella de Ministrers (Espanha) (9) Mariam Matrem (6:27)) “Llibre Vermell”
(T.T. 19:05)

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O Ensemble Belladonna é um trio constituído por Miriam Andersén (voz e harpa), Rebecca Bain (voz e rabeca) e Susanne Ansorg (rabeca), oriundas da Suécia, Canadá e Alemanha, respectivamente. O grupo especializou-se em interpretar músicas da época medieval e dos inícios do Renascimento, à semelhança do que fazem os Anonymous 4, com quem habitualmente é comparado. Os membros do Ensemble Belladonna encontraram-se enquanto estudavam na Schola Cantorum Basiliensis, em Basileia (Suíça), permanecendo juntas desde 1997. Em 2005, o Ensemble Belladonna editou, para a etiqueta alemã Raumklang, o seu primeiro registo, intitulado “Melodious Melancholye - The Sweet Sounds of Medieval England”, uma colecção de canções de embalar, temas moralistas, celebrações à natureza, poemas inspirados no amor cortês da França medieval, contos sobre amores perdidos ou sobre os transitórios prazeres mundanos, entre outros. Temas instrumentais convincentes e habilidosos, textos riquíssimos de compositores anónimos ou de poetas medievais como Charles d’Orléans, Walter Frye, Robertus de Anglia e John Bedyngham, que datam desde os inícios do século XIII às primeiras décadas do XV, desfilam melancólica e melodiosamente e envolvem-nos hipnoticamente.
"Melodiosas" e “melancólicas” são os adjectivos apropriados para definir as vozes das intérpretes do Ensemble Belladonna neste registo, tanto mais que possuem timbres nostálgicos, suaves, agradáveis e bonitos e o repertório que interpretam são os adocicados sons da Inglaterra medieval, que reflectem um estilo de poesia mais directo e, muitas vezes, mais íntimo, que a altamente ornamentada paixão das canções italianas, ou a música cuidadosamente construída pelos idealistas franceses.

(3) Miri it is while sumer ilast (estampie, 1225) (3,03)
(6) Dou way Robin / Sancta mater gracie (motet, séc. XIII) (3,51)
(4) Ar ne kuth ich sorghe non (c. 1270) (5,04)
(1) Worldes blis ne last no throwe (c. 1265) (5,26)
(10) Alas, departynge is ground of woo (song, Séc. XV) (1,54)
(T.T. 19:18)

(separador)

“Um hino religioso bizantino à Virgem Theotokos, um tema baseado num canto maronita e um salmo para o terceiro milénio. São os sons que encerram hoje o Templo das Heresias”.

(1) Sophia Papazoglou (13) At the Beauty (8:22) “World Festival of Sacred Music”
(2) Vox (2) Kreuzigung/ Crucifixion (5:45) “X – Chants from the Christian Arab Tradition”
(3) Marie Keyrouz (5) Hymnes (5:28) “Psaumes pour le 3ème Millénaire”
(T.T. 19:35)

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