2008/12/23

Os melhores discos de 2008

“O Templo das Heresias” apresenta as suas 30 maiores referências discográficas do ano de 2008. Apesar de serem consideradas das tendências menos conhecidas do mundo da música, não deixam, no entanto, de ser, das mais interessantes.

Al Andaluz Project - Deus et Diabolus (Galileo)*
Aleksandra Alexander - Music for Medieval Faires (Bunny Records)
Arriba La Cumbia! (Crammed Discs)
Aruna Sairam – Divine Inspiration (World Village)
Bako Dagnon – Titati (Syllart) *
Beatus – Trobar: Chansons d’amour, de la Vierge à la Dame (Alpha)*
Choeur de Chambre de Namur/ Psallentes/ Les Pastoureaux/ Millenarium – Llibre Vermell (Outhere/Ricercar)
Desert Blues 3/Entre Dunes et Savanes (Network)
Eduardo Paniagua/ Jorge Rozemblum – Klezmer Sefardí (Pneuma)*
Ensemble Belladonna – Melodious Melancholye: The Sweet Sounds of Medieval England (Raumklang)*
Esma Redzepova - Gypsy Carpet (Network)*
Gabi Lunca - Sounds from a Bygone Age, Vol. 5 (Asphalt Tango)
Hector Zazou & Swara – In the House of Mirrors (Crammed Discs)
Hespèrion XXI - Estampies & Danses Royales (Alia Vox)
Hespèrion XXI / Al-Darwish / La Capella Reial de Catalunya / Jordi Savall – Jérusalem (Alia Vox)
Ioculatores (Raumklang)*
Istanbul Oriental Ensemble - Grand Bazaar (Network)*
Jalda Rebling – Juden im Mittelalter (Raumklang)*
Justin Adams & Juldeh Camara - Soul Science (Wayward)*
L' Ensemble Aromates – Rayon de Lune: Musique des Ommeyades (Alpha)*
Les Amazones de Guinée – Wamato (Sterns Music)

Mediterraneo (Som Livre)*
Millenarium – Danza: Danses médiévales (Outhere/Ricercar)
Rokia Traoré – Tchamantché (Universal)
The Garifuna Women´s Project - Umalali (Stonetree Records)
The Rough Guide to Turkish Café (World Music Network)
Theodora Baka – Myrtate: Traditional Songs from Greece (Raumklang)*
Toni Iordache - Sounds from a Bygone Age, Vol. 4 (Asphalt Tango)*
Toumani Diabaté - The Mandé Variations (World Circuit)
Victor Démé - Victor Démé (Chapa Blues)

* Estes discos têm data de edição anterior, mas só em 2008 foram colocados à disposição de “O Templo das Heresias”.

2008/12/09

Hadja Kouyaté (Guiné Conácri) / Ensemble Aromates (França)

“Uma canção lírica da Bósnia, um tema político da Córsega, uma história de amor da Bulgária e um canto de trabalho da Arménia. São os sons que abrem hoje as portas do Templo das Heresias”.

(1) Nada Mamula (1) Kad ja … (4,09) “Echoes from an endangered world”
(2) Gjacumina Micaeli (15) Maneta (4,18) “Tra Ochju e Mare”
(3) Ivo Papasov and His Orchestra (3) Istoria … (4,17) “Balkanology”
(4) The Shoghaken Ensemble (13) Khnotsu… (4,53) “Armenia Anthology”

(Separador)

“Os “griots” são os trovadores da costa ocidental africana, os transmissores da palavra através dos tempos; com eles, os saberes e as crenças transitam de geração em geração, unindo o passado ao presente e sustentando uma unidade de representação, espiritual e divina.
Os “griots” ou “jalis” são hereditariamente músicos, diplomatas e conselheiros políticos e morais. Representam a memória colectiva dos Mandingas, são os “livreiros” de uma única e extensa tradição oral. São também os guardiões de um código moral que faz parte de cada aspecto da vida: do casamento à produção musical, da dança às disputas entre vizinhos, enfim de todo o quotidiano.
Entre outros registos de músicos “griots” de toda a África Ocidental, divulgámos aqui, em 2001, o primeiro álbum de Hadja Kouyaté, da Guiné Conácri, acompanhada por Ali Boulo Santo, do Senegal, editado pela Frikyiwa. Agora chega-nos o segundo registo de Hadja Kouyaté, agora acompanhada pelos “Guinéens”, intitulado “Yilimalo” (2003 Frikyiwa).

(9) Diarabi (5,02)
(8) Silani (4,50)
(5) Bintou (6,50)
(7) Mamassa (4,45)

(Separador)

“Um canto hebraico de Israel, uma fusão da tradição com a modernidade produzida na Sardenha, um tema joikh característico da etnia Saami da Lapónia e uma canção da Karélia escandinava. São os sons que encerram a 1ª parte do Templo das Heresias”.

(1) Ora Sittner & Youval Micenmacher (19) Orkha… (3,58) “Lamidbar: Vers le Désert”
(2) Elena Ledda (6) In S’Ora (3,24) “Amargura”
(3) Mari Boine (1) Cuvges…. (3,58) “Goaskinviellja: Eagle Brother”
(4) Hedningarna (8) Viima (5,00) “Karelia Visa”


2ª Hora

“Os cantos dos trovadores medievais da Provença (França) na reabertura do Templo das Heresias”.

(1) Beatus/ Jean-Paul Rigaud (8) Non es meravelha (Bernard de Ventadour) (4,05) “Trobar: Chansons d’amour, de la vierge à la Dame”
(2) Ensemble Tre Fontane (2) L’ensenhaments e’l prètz e la valors (Arnaud de Mareuil) (4,07) “Le Chant des Troubadours, vol. 2”
(3) Paul Hillier (2) Reis Glorios (9,26) (Guiraut de Borneil) “Proensa”

(Separador)

Os sete séculos da presença árabe em Espanha, de 711 a 1492, permitiram a emergência de uma civilização tolerante, em que três religiões monoteístas (a cristã, a judaica e a muçulmana) e povos de diversas origens vivessem em harmonia.
Na Andalusia desse tempo, as cidades de Córdova, Sevilha e Granada tornaram-se importantes centros culturais, artísticos e religiosos. O nome Andalusia é proveniente da designação árabe “Al-Andalus”, por sua vez originária da visigótica “Landahlauts”, que também derivou de outra palavra, “Vandalusia”, utilizada pelos Vândalos; designavam todas, uma vasta área que abarcava grande parte da Península Ibérica.
A música andalusa é o resultado da fusão das composições trazidas para a Península por músicos do Médio Oriente, do Norte de África importada pelos Berberes e pela música nativa ibérica. A junção das influências mediterrânicas orientais e ocidentais deu origem a uma música que floresceu na Espanha muçulmana, a designada Música Arabo-Andalusa.
Uma das mais importantes figuras da música “Arabo-Andalusa” foi Ziryâb, um antigo escravo do Séc. IX, que se tornou um grande poeta, músico e cantor. Proveniente de Bagdad, Ziryâb chegou a Córdova em 822 e aí introduziu várias modas desconhecidas na Andaluzia, acrescentou uma quinta corda ao alaúde, inventou o plectrum, compôs cerca de dez mil canções e desenvolveu um novo método de ensinar o canto.
Michèle Claude, a líder do Ensemble Aromates, revisitou o repertório de Ziryâb e dos seus sucessores, dando-nos a conhecer no álbum “Jardin de Myrtes: Mélodies andalouses du Moyen-Orient” (2005 Alpha) um oriente barroco e um ocidente oriental, realidades que não podem ser menosprezadas, se quisermos salvar e perpetuar o imenso património humano e cultural que recebemos do passado.
Dois anos depois, Michèle Claude e os Aromates regressam com “Rayon de Lune” (2007 Alpha), um registo que se debruça sobre a música dos Omíadas (711-714). Depois de derrotarem o rei visigodo Rodrigo, os Omíadas desenvolveram na Península Ibérica uma próspera civilização, dominada por matemáticos, astrólogos médicos, filósofos músicos, poetas, arquitectos... Só em Córdova, na biblioteca do Califa dos Omíadas, al-Hakam II (961-976) existiam mais de 400 000 obras, que nos possibilitaram o acesso a um legado riquíssimo. Combinando o idioma musical do Al Andalous com os timbres do organeto, do saltério do cravo e de uma rica selecção de instrumentos de percussão, mais uma vez, os Aromates surpreendem.


“Jardin de Myrtes” (1) Ouverture Nawa Athar (7,03)
“Rayon de Lune” (4) Vent de Grenade (3’59)
(5) Alcool (4’06)
(1) Rayon de Lune (3’12)
(18) Je ne peux aimer que toi (4’07)

(Separador)

“Uma missa produzida por Sungji Hong e um salmo hebraico. São os sons que encerram o Templo das Heresias”.

(1) Trio Mediaeval - (11) Sanctus (4,06) “Stella Maris”
(2) Steve Reich (2) Parts III & IV (12,27) “Tehillim”

2008/11/15

Victor Démé (Burkina Faso) / Ricercar (Bélgica)

1ª Hora

“Um canto griot dos trovadores mandingas, um tema sobre um bravo guerreiro do Império Bamana, uma canção sobre a importância do carisma e uma homenagem a um dos maiores tocadores de kora. É com a música do Mali que abrimos hoje as portas do Templo das Heresias”.

(1) Bako Dagnon (6) Bounteni (4:55) “Titati”
(2) Bassekou Kouyate & Ngoni Ba (5) Mbowdi (5:20) “Segu Blue”
(3) Rokia Traoré (5) Kounandi (5:23) “Tchamantché”
(4) Toumani Diabaté (5) Ismael Drame (5:45) “The Mandé Variations”

(separador)

O cantor mandinga Victor Démé, do Burkina Faso, editou este ano (2008) o seu primeiro álbum, após 30 anos de carreira. Démé herdou a música da parte da mãe, uma artista griot muito solicitada para grandes casamentos e baptizados, nos anos 60, em Bobo-Dioulasso. Da parte do pai, Démé recebeu outra herança que foi sendo transmitida de geração em geração na família Démé, a costura, praticada pelos seus tios e tias, bem como pelos seus antepassados, uma linha de costureiros da etnia Marka, dos mandingas da África Ocidental.
Foi na oficina de costura do pai, em Abidjan (Costa do Marfim), que o jovem Démé se refugiou, quando era adolescente. De dia, Victor Démé trabalhava no atelier e à noite começou a frequentar os clubes da capital e a cantar em alguns pequenos grupos. À medida que foi crescendo, Démé granjeou uma reputação nos clubes da Costa do Marfim, nomeadamente no seio da famosa orquestra Super Mandé, liderada pela estrela Abdoulaye Diabaté.
Em 1988 Victor Démé regressou ao Burkina Faso, quando o país beneficiava do ímpeto do revolucionário vermelho Thomas Sankara, que, antes de ser assassinado, trabalhou para a valorização da criação artística. Démé tinha, então, 26 anos e a sua paixão musical atingia o auge. Ganha vários prémios musicais (Concurso do Centro Cultural francês, em 1989 e o primeiro prémio da Semana Nacional da Cultura, em 1990, entre outros) e é recrutado pelas grandes orquestras, inclusivamente pela l’Echo de l’Africa e, sobretudo, pela Suprême Comenba, que dominava as noites em Ouagadougou.
Quando Victor Démé se tornava um cantor popular no Burkina Faso, graves partidas do destino o obrigaram a afastar-se do mundo da música, por vários anos. Quando regressou, após tanto tempo, Démé, para ganhar a vida, muitas vezes teve que cumprir as exigências dos donos dos clubes e ser obrigado a interpretar clássicos de Salif Keita ou de Mory Kanté. No entanto, paralelamente, Victor continua a compor as suas próprias composições.
Em 2005, Victor Démé beneficia da ligação a Camille Louvel, o gerente de Ouagajungle, um bar associativo de Ouagadougou, onde se organizavam inúmeros concertos. Em 2007, com a ajuda do jornalista David Commeillas e de activistas do Soundicate, fundam a Chapa Blues Records para promover a música de Victor. É, então, que o cantor começa a trabalhar no seu primeiro álbum, no pequeno estúdio que a equipa do Ouagajungle construiu em Ouagadougou. O estúdio da associação consiste simplesmente em duas divisões separadas por um pára-brisas de um camião, equipado com uma consola de 16 pistas, mas este é o ponto de partida para muitos artistas talentosos.
Finalmente, aos 46 anos de idade, Démé elabora um mosaico singular de melodias folk-blues, pequenos romances mandingas intimistas, com influências da salsa e do flamenco. Nos textos, em linguagem dioula, Démé apela à solidariedade nacional ("Peuple Burkinabé”), advoga à tolerância em relação ao próximo (“Djôn'maya") e presta homenagem a todas as mulheres do Burkina Faso ("Burkina Mousso” e “Sabu”). O disco encerra com dois temas da música tradicional mandinga (“Tama Ngnogon” e “Dala Môgôya”), dando a conhecer a extraordinária riqueza da música da África Ocidental.



(03) Toungan (3:27)
(02) Djôn'maya (4:04)
(09) Dankan (3:23)
(12) Djabila (6:16)

(separador)

“A Revolução cubana deu origem no plano musical a bloqueios aos intercâmbios com o exterior, gerando divergências e rivalidades. Apesar do isolamento a que foi votada, a pequena ilha não parou de progredir musicalmente. Está bem viva e recomenda-se.”

(1) Omara Portuondo (9) Veinte años (4,44) “Omara Portuondo”
(2) Ibrahim Ferrer (II) Fuiste cruel (4,27) “Buenos Hermanos”
(3) Rubén González (1) La Engañadora (2,32) “Introducing …”
(4) Buena Vista Social Club (1) Chan Chan (4,18) “Buena Vista Social Club”
(5) Orlando Cachaíto Lopez (3) Mis dos pequeñas (4,06) “Cachaito”


2ª Hora

“A música da Grécia Antiga abre hoje as portas da 2.ª hora do Templo das Heresias”.

(1) Christodoulos Halaris (3) Second Delphic hymn (6,14) “Music of Ancient Greece”
(2) Atrium Musicae de Madrid (3) 1er Hymne Delphique (4,50) “Musique de la Grèce Antique”
(3) Petros Tabouris (1) Athenaeus, Paian (3,58) ) “Fragments of Ancient Greek Music”
(4) Melpomen (14) Agallís (2,31) Musique de la Grèce Antique”
(5) Petros Tabouris (16) Fragment … (0,45) “Music f Greek Antiquity”
(6) Ensemble Kérylos (10) Seikilos …(0,26 – 2,43) (2,17) “Musiques de l’Antiquité Grecque”

(separador)

Em 1980, Jérôme Lejeune formou a Ricercar, uma editora belga que se afirmou, desde logo, como um dos pilares da redescoberta da música antiga e barroca. Muitos músicos aderiram, então, ao movimento. Entre outras memórias, a Ricercar teve o privilégio de acolher os dois ensembles vocais de Philippe Herreweghe, the Collegium Vocale e a Chapelle Royale, cujo primeiro registo foi dedicado à música de Palestrina.
À medida que o tempo foi passando, a Ricercar foi-se afirmando cada vez mais no domínio da música antiga, editando cerca de 250 gravações, muitas delas verdadeiras obras-primas da história da música. Explorando temas como a música barroca alemã, as obras para órgão de Bach e dos seus antecessores alemães, a música polifónica franco-flamenga, as fontes de inspiração de Monteverdi, a descoberta dos instrumentos antigos, a monodia secular medieval, entre outros, rapidamente a Ricercar se tornou numa etiqueta de referência.
O interesse dedicado ao vasto património musical da Bélgica e dos Países Baixos foi, também, um elemento importante na política editorial da Ricercar, promovendo um repertório de qualidade muito elevada. Compositores nascidos nessas zonas e cuja actividade foi proeminente no estrangeiro (Lassus, Du Mont, Grétry, Franck, só para citar os mais conhecidos) foram justamente recordados pela Ricercar.
A personalidade espantosa de Jérôme Lejeune (diplomado em musicologia pela Universidade de Liége, professor de História da Música no Conservatório Real de Liège e fundador e director artístico da Ricercar, há vinte e cinco anos) controla todas as produções da editora, tanto a nível científico, como artístico e técnico. Com La Fenice e Jean Tubéry, Millenarium, La Pastorella e Frédéric de Roos, the Namur Chamber Choir, Les Agrémens e Guy Van Waas, Continens Paradisi, Bernard Foccroulle, Sophie Karthäuser e muitos outros, a etiqueta do futuro é mais do que nunca servida por projectos discográficos emocionantes, muitos deles amplamente aclamados pela imprensa internacional.
Hoje vamos divulgar um dos projectos mais importantes da Ricercar, os Millenarium, grupo belga dirigido por Christophe Deslignes que se move nas áreas da música antiga religiosa, cortesã e popular do baixo Mediterrâneo. Temos disponíveis os seguintes álbuns: “Chansons de Troubadours et Danses de Jongleurs” (2001), uma homenagem aos trovadores Thibaut de Champagne, Bernard de Ventadorn, Gaucelm Faidit, Beranguier de Palol e anónimos, que celebram a alegria e o divertimento do amor cortês; “Douce Amie – Chansons de Trouvères” (2002), que explora o repertório dedicado às mulheres, pelos trovadores medievais; “Carmina Burana: Tempus Transit” (2004), que se debruça sobre o manuscrito da abadia de Beuren, com textos de várias origens e estilos, descoberto no século XIX; “Carmina Burana: Officium Lusorum” (2006), uma reconstrução de uma Missa dos Doidos, tal como teria sido interpretada nas grandes catedrais francesas, no século XIII, entre o Natal e o Ano Novo, contando com as colaborações contrastantes do Choeur de Chambre de Namur e dos Psallentes, que interpretam a Missa em canto Gregoriano; “Llibre Vermell” (2007), baseado no famoso manuscrito do século XIV, da Abadia de Montserrat (Catalunha), em que os Millenarium contam com a participação dos peregrinos (Choeur de Chambre de Namur), dos monges (Psallentes) e dos coristas da abadia (Les Pastoureaux); e “Danza Danses médiévales” (2008), que se debruça sobre as raras descrições da música instrumental medieval, composta antes da emergência da polifonia.



(08) La nova estampida real (4:41) “Chansons de Troubadours et Danses de Jongleurs”
(02) A que as cousas coitadas (3:02) “Danza Danses médiévales”
(01) Au renouvel du tens (1:58) “Douce Amie – Chansons de Trouvères”
(02) Cuncti simus concanentes (4:41) “Llibre Vermell” (2007)
(01) Estampida de Rocamadour (instrumental) (3:44) “Officium Lusorum”
(14) Caterine collaudamus (3:45) “Carmina Burana: Tempus Transit” (2004)

(separador)

”Abertura da segunda parte com as canções dos judeus sefarditas e ashkenaz, na época medieval.”

(1) The Renaissance Players Winsome Evans (7) Si la mar era de leche (6:40) “The Sephardic Experience, Vol. 4: Eggplants”
(2) Jalda Rebling (13) Küng Herre, Hochgelopter Got (4:37) “Juden im Mittelalter – Aus Sepharad und Ashkenas”
(3) Naguila (8) Déror Yiqra (5:41) “Hallel”
(4) Judith R. Cohen (2) Dror Yiqra (7:51) “Canciones de Sefarad”

2008/10/28

Theodora Baka (Grécia) / Ensemble Belladonna (Suécia/Canadá/Alemanha)

1ª Hora

“Um canto romani da Albânia sobre o desespero pela perda de uma filha, um tema sobre a felicidade dos ciganos viajantes da Macedónia e um blues da Roménia pleno de sensibilidade. São os sons que abrem hoje as portas do Templo das Heresias”.

(1) Rromano Dives (1) E Semesqiri Gili (5:42) “Chaj Zibede: Musique Rromani d’Albanie”
(2) Esma Redzepova & Ensemble Teodosievski (4) Dzelem, Dzelem (4:47) “Gypsy Queens”
(3) Dona Dumitru Siminica (10) Mosule Te-As Intreba (7:24) “Sounds from a Bygone Age, vol. 3”
(T.T. 17:53)

(separador)

As terras gregas foram, ao longo da história, um ponto de passagem e de fixação para os mais diversos povos e ainda hoje a sua cultura reveste um invulgar diálogo entre as tradições latinas e as tradições semitas do leste.
Naturalmente que a cultura tradicional reflecte todo este secular intercâmbio entre as mais diversas etnias, embora permaneçam formas expressivas especificas da alma grega.
Em primeiro lugar, importa ter bem presente que, mais do que em qualquer lugar, na Grécia é particularmente difícil estabelecer uma linha da diferenciação entre a música popular e tradicional e outras expressões não tradicionais (sacra, por exemplo…).
Com efeito, sempre se verificou uma inteira relação entre o popular e o erudito, sendo a chamada “skolia” (canção de convívio, funcionalmente usada durante os festins e banquetes), um exemplo bem significativo dessa “simbiose” expressiva.
Outros géneros de canções tradicionais, interpretadas durante as cerimónias de casamentos, eram as “odes” e os “hinos”, aquando da entrada dos recém-casados nos seus quartos nupciais. Por outro lado, durante os funerais, os “linos” e “lamentos” davam ênfase à dor: lamentos corais e respostas em monodias que davam depois lugar a danças rituais de celebração da vida.
Uma das formas mais expressivas da música tradicional grega é a “dimotiki” ou “laika”, preferida pelo compositor Mikis Theodorakis na elaboração de obras de denúncia e de luta contra o regime ditatorial grego.
Mas, de certo modo em oposição à “dimotiki” ou “laika”, surgiu, em finais do século XIX, nas zonas pobres de Atenas, a “rembetika”, uma espécie de fado ou blues característico dos marginais, desempregados e drogados (com haxixe).
A música tradicional grega das ilhas difere de zona para zona. Assim, a música das Ilhas Jónicas, a ocidente do Épiro, é bastante diferente, por exemplo, da de Creta. Do mesmo modo, a música instrumental de Rhodes é claramente diferente das relativamente próximas Ilhas Sporades. Entre os instrumentos característicos pode encontrar-se um tipo pequeno e antigo de gaita-de-foles, designada tamboura, assim como o violino, chamado lyra, que é o instrumento típico de Creta.
Na Grécia continental, o instrumento predominante é actualmente, o clarinete, designado de Klarino, que substitui quase por completo a gaita-de-foles, gaida, e um oboé místico designado karamouza ou pipiza.
Theodora Baka, natural de Larissa (Grécia) desde criança que se foi familiarizando com as canções tradicionais da sua terra natal. Em 2007, no auge das suas capacidades vocais, editou para a etiqueta alemã Raumklang, o extraordinário registo “Myrtate: Traditional Songs from Greece”.
Fazendo-se acompanhar por uma formação pouco usual, constituída pelo oud (Thymios Atzakas), lyra (Pantelis Pavlidis) e zarb (Bijan Chemirani), Theodora Baka celebra, sobretudo, as lendas e os mitos ancestrais helénicos, mas debruça-se, também, sobre outras canções tradicionais gregas, como lamentos pela perda da liberdade por uma jovem noiva ou singelas canções de amor.

(11) Sto pa kai sto xanaleo (4:03)
(06) Mia Paraskevi (3:19)
(01) San to feggari tis anixis (6:09)
(02) Lemonia (The Lemon Tree) (5:53)
(T.T. 19:24)

(separador)

“Um tema que recria a atmosfera nocturna do grande bazar de Istanbul e um Ghazal de Rumi, o supremo poeta lírico persa do século XIII. São os sons que encerram da 1ª parte do Templo das Heresias”.

(1) Istanbul Oriental Ensemble (6) Gece Yarisinda Pazar (8:16) “Grand Bazaar”
(2) Parissa & Ensemble Dastan I (3) Daramad, Saz-o Avaz (8:02) “Gol–E Behesht”
(T.T. 16:18)

2ª Hora

“Três temas do famoso Llibre Vermell da abadia de Montserrat (Catalunha - séc. XIV) abrem as portas da 2.ª hora do Templo das Heresias”.

(1) Sarband (Bulgária) (13) Cuncti simus concanentes (5:49) “Llibre Vermell”
(2) Micrologus (Itália) (5) Los set gotxs (6:49) “Llibre Vermell de Montserrat”
(3) Capella de Ministrers (Espanha) (9) Mariam Matrem (6:27)) “Llibre Vermell”
(T.T. 19:05)

(separador)

O Ensemble Belladonna é um trio constituído por Miriam Andersén (voz e harpa), Rebecca Bain (voz e rabeca) e Susanne Ansorg (rabeca), oriundas da Suécia, Canadá e Alemanha, respectivamente. O grupo especializou-se em interpretar músicas da época medieval e dos inícios do Renascimento, à semelhança do que fazem os Anonymous 4, com quem habitualmente é comparado. Os membros do Ensemble Belladonna encontraram-se enquanto estudavam na Schola Cantorum Basiliensis, em Basileia (Suíça), permanecendo juntas desde 1997. Em 2005, o Ensemble Belladonna editou, para a etiqueta alemã Raumklang, o seu primeiro registo, intitulado “Melodious Melancholye - The Sweet Sounds of Medieval England”, uma colecção de canções de embalar, temas moralistas, celebrações à natureza, poemas inspirados no amor cortês da França medieval, contos sobre amores perdidos ou sobre os transitórios prazeres mundanos, entre outros. Temas instrumentais convincentes e habilidosos, textos riquíssimos de compositores anónimos ou de poetas medievais como Charles d’Orléans, Walter Frye, Robertus de Anglia e John Bedyngham, que datam desde os inícios do século XIII às primeiras décadas do XV, desfilam melancólica e melodiosamente e envolvem-nos hipnoticamente.
"Melodiosas" e “melancólicas” são os adjectivos apropriados para definir as vozes das intérpretes do Ensemble Belladonna neste registo, tanto mais que possuem timbres nostálgicos, suaves, agradáveis e bonitos e o repertório que interpretam são os adocicados sons da Inglaterra medieval, que reflectem um estilo de poesia mais directo e, muitas vezes, mais íntimo, que a altamente ornamentada paixão das canções italianas, ou a música cuidadosamente construída pelos idealistas franceses.

(3) Miri it is while sumer ilast (estampie, 1225) (3,03)
(6) Dou way Robin / Sancta mater gracie (motet, séc. XIII) (3,51)
(4) Ar ne kuth ich sorghe non (c. 1270) (5,04)
(1) Worldes blis ne last no throwe (c. 1265) (5,26)
(10) Alas, departynge is ground of woo (song, Séc. XV) (1,54)
(T.T. 19:18)

(separador)

“Um hino religioso bizantino à Virgem Theotokos, um tema baseado num canto maronita e um salmo para o terceiro milénio. São os sons que encerram hoje o Templo das Heresias”.

(1) Sophia Papazoglou (13) At the Beauty (8:22) “World Festival of Sacred Music”
(2) Vox (2) Kreuzigung/ Crucifixion (5:45) “X – Chants from the Christian Arab Tradition”
(3) Marie Keyrouz (5) Hymnes (5:28) “Psaumes pour le 3ème Millénaire”
(T.T. 19:35)

2008/07/29

Os Melhores Concertos do Mundo


· Daemonia Nymphe (Grécia) em 26/08/2012 no Castelo (Leiria)
· Stellamara (EUA) em 25/08/2012 no Castelo (Leiria)
· Música Antigua, dir. Eduardo Paniagua (Espanha) em 30/11/2011 no TAGV (Coimbra)
· Irfan (Bulgária) em 29/07/2011 no Castelo (Leiria)
· Max Romeo (Jamaica) em 18/06/2011 na Praia Areinho (Gaia)
· Hespèrion XXI (Espanha / Turquia / Grécia / França / Arménia / Marrocos) em 06/11/2010 na Casa da Música (Porto)
· Tinariwen (Mali / Sahara) em 30/07/2010 no Castelo (Sines)
· N’Diale (Bretanha / Mali) e Yasmin Levy (Israel) em 29/07/2010 no Castelo (Sines)
· Wimme (Finlândia /Povo Saami) em 29/07/2010 na Avenida Vasco da Gama (Sines)
· Terem Quartet (Rússia) em 02/06/2010 no Cine-Teatro (Estarreja)
· Ensemble Eloqventia (Espanha) em 24 e 25/04/2010 no CCB (Lisboa)
· Yungchen Lhamo (Tibete) em 08/08/2009 no Centro Cultural de Belém (Lisboa)
· Lee “Scratch” Perry (Jamaica) em 25/07/2009 no Castelo (Sines)
· Bassekou Kouyate (Mali) em 17/07/2009 no Auditório Ar-Livre (Tondela)
· Musafir (Rajasthan, Índia) em 04/07/2009 no Parque Urbano (Sever do Vouga)
· Faiz Ali Faiz (Paquistão) em 25/07/2008 no Castelo (Sines)
· Orchestra Baobab (Senegal) em 24/07/2008 no Castelo (Sines)
· Toots & Maytals (Jamaica) em 28/06/2008 na Casa da Música (Porto)
· Le Mystère des Voix Bulgares (Bulgária) em 06/06­/2008 no CAE (Figueira da Foz)
· Toumani Diabaté (Mali) em 31/05/2008 no TAGV (Coimbra)
· Stephan Micus (Alemanha) em 19/01/2008 no Teatro Virgínia (Torres Novas)
· Vieux Farka Touré / Tinariwen (Mali) em 18/10/2007, no Teatro José Lúcio (Leiria)
· Angelite (Bulgária) / Moscow Art Trio (Rússia) / Huun-Huur-Tu (Tuva) em 16/06/2007 no Teatro Viriato (Viseu)
· Begoña Olavide (Espanha) em 07/03/2007 no Café Santa Cruz (Coimbra)
· Mariem Hassan (Sahara Ocidental) em 29/07/2006 na Avenida da Praia (Sines)
· Boris Kovac & La Campanella (Sérvia) em 22/07/2006 no FMM de Sines (Porto Covo)
· Laurie Anderson (EUA) / Chirgilchin (Tuva) em 15/07/2006 no Castelo (Montemor-o-Velho)
· Meredith Monk (EUA) em 07/07/2006 no Teatro Aveirense (Aveiro)
· Tinariwen (Mali) em 11/05/2006 na Casa da Música (Porto)
· Rokia Traoré (Mali) em 31/07/2004 no Castelo (Sines)
· Savina Yannatou & Primavera en Salonico (Grécia) em 30/07/2004 no Castelo (Sines)
· Warsaw Village Band (Polónia) em 29/07/2004 no Castelo (Sines)
· Lhasa (México) em 08/07/2004 no TAGV (Coimbra)
· Mari Boine (Lapónia) em 30/11/2003 no Teatro Aveirense (Aveiro)
· The Skatalites (Jamaica) em 27/07/2003 no Castelo (Sines)
· Loyko (Rússia) em 17/07/2003 no d’Orfeu (Águeda)
· GOR (Itália) em 13/07/2003 no Colinas Bar (Branca-Aveiro)
· Sainkho (Tuva) em 11/05/2001 no Teatro Cine (Covilhã)
· Esma Redzepova & Stevo Teodosievski Ensemble (Macedónia) em 27/06/1999 Palácio de Cristal (Porto)
· Pascal Comelade (França) em 24/06/1999 no TAGV (Coimbra)
· Fátima Miranda (Espanha) em 22/07/1998 no Centro Cultural de Belém (Lisboa)
· Radio Tarifa (Espanha) / Zap Mama (Bélgica/Zaire) em 29/06/1997 na Ribeira (Porto)
· Värttinä (Finlândia) em 30/03/1996 no Cinema do Terço (Porto)
· Taraf de Haïdouks (Roménia) em 08/07/1994 no Teatro Avenida (Coimbra)
· Oumou Sangare (Mali) na Casa da Cultura (Coimbra)
· Wim Mertens (Bélgica) em 30/10/1993 no Teatro Municipal de São Luiz (Lisboa)
· June Tabor (Inglaterra) em 01/06/1991 no Coliseu (Lisboa)
· Penguin Cafe Orchestra (Inglaterra) em 09/01/1991 no TAGV (Coimbra)
· Les Nouvelles Polyphonies Corses avec Hector Zazou (França) em 19/05/1990 no Cinema Tivoli (Lisboa)
· Leonard Cohen (Canadá) em 18/02/1984 no Pavilhão do Dramático (Cascais)
· Roxy Music / King Crimson (Inglaterra) em 20/08/1982 no Estádio do Restelo (Lisboa)
· Durutti Column (Inglaterra) em 6/08/1982 no Festival (Vilar de Mouros)